Clicando em Lanterna Mágica verão o roteiro da apresentação.
Comentários:
Embora muitas participantes
trouxessem lembranças dos filmes de Bergman vistos há muito tempo, com a ênfase em quão difíceis e sombrios
eram, foi consenso que o livro agradou a todas. Bem escrito, conteúdo
interessante, capaz de despertar nossas emoções e de nos fazer refletir
sobre aspectos essenciais da vida.
Assim, debatemos com entusiasmo várias questões:
1)
Sensibilidade x afetividade. Como alguém tão
sensível viveu de forma tão “insensível” seus amores e envolveu-se tão pouco
com seus filhos? Avançamos nessa diferenciação entre a sensibilidade no campo sensorial e perceptivo; odores, movimentos, imagens, cores,
tons... e a capacidade empática; ser
capaz de identificar-se com os sentimentos dos outros.
2)
A genialidade
justifica uma conduta abusiva? Admiração pelo gênio no campo da arte,
não implica em admiração pela pessoa. Por outro lado cuidamos de não enveredarmos em uma atitude de julgamento, cada um tem sua
história e por mais que seja capaz de conta-la ( até certo ponto) não está isento
das repercussões emocionais de seus traumas e desencontros nas relações
familiares. No caso de Bergman , impressionou-nos a repressão da expressão de seu afeto pela
mãe, e seu medo/ódio pelo pai visto como
figura rígida e violenta .
3)
Foi registrado também seu compromisso com a
verdade, pareceu-nos que ele não estava preocupado em se poupar de
críticas.
4)
Foi levantado também que uma pessoa tão
“verdadeira” que assumia seus atos de
forma tão firme, não deveria ficar tão arrasada com a questão do processo por
evasão de divisas. Também surpreendeu o
fato de a afetividade que lhe faltou em
campos tão importantes da vida, tenha lhe impelido a se encantar pelo nazismo.
6)
Também foi comentado o fato de ele ter podido no
decorrer de sua autobiografia e mesmo ao longo de sua vida mostrar mudanças. Assim, nos pareceu que sua arte favoreceu um processo transformador, no qual suas
experiências emocionais apresentam-se mais integradas. Quem pode ler o livro até o final comentou
sobre como foram comovente seus relatos no final da autobiografia sobre seu pai
e sua mãe, com registros e lembranças nos quais parecia liberto de rancores e
julgamentos e podia vê-los com olhos mais amorosos, levando em conta também
momentos nos quais se sentiu amado, além de considerar a história de vida de
seus pais, e os sofrimentos pelos quais passaram. Impressionou-nos também o fato de ele poder se
questionar : Como alguém pode passar tantos anos sem se envolver verdadeiramente
com os outros?
7)
Outro fator muito comentado foi a sua imensa
vitalidade que o fez trabalhar muito e produzir uma obra preciosa .
Espero que vocês lembrem e tragam outros
aspectos do nosso debate.
Depois desse livro, estou convicta de que podemos ler e debater qualquer um, seja ele um "livro-cabeça", seja "mulherzinha". A apresentaçao, sempre muito cuidada, e a contribuiçao de cada uma jogam luzes sobre pontos obscuros e aspectos que eu nao fui capaz de ver.
ResponderExcluirParabéns, Teresa Lírio! Parabéns, leitoras!