quinta-feira, 16 de abril de 2015

Dupla Falta - 14/05/20015



AUTORA: LIONEL SHRIVER 
DIA: 14/05
HORÁRIO: 18 Hs
LOCAL: CASA DA THERESA L.
APRESENTADORA: THERESA L.
Resultado de imagem para dupla falta livroLANCHE: ANIVERSARIANTES LUCIANA, 
VERA C. E REGINA

quarta-feira, 15 de abril de 2015

A Cicatriz de David - Contribuições de Vera Correa

Comentário de Vera Correa, enviado após a reunião:

Queridas leitoras!
Quanto à questão de "parcialidade da autora", que animou o final do debate, lembro trecho da compilação que fiz sobre MEMORIALISMO/MEMORIALÍSTICA, publicado no blog junto com a resenha de ARROZ DE PALMA:

'MEMORIALISMO/ MEMORIALÍSTICA
“A vida não é relatável.” Clarice Lispector, A Paixão Segundo G.H.
“Memórias são a escrita da alma.” (?)
“A memória é uma ilha de edição”, Wally Salomão, poeta e compositor.

MEMORIALISMO é um conceito que abarca as características dos relatos em 1ª. pessoa, que se manifestam em diversos gêneros literários (autobiografia, diário, correspondência, literatura de viagens, poesia lírica) e cujas marcas principais são a subjetividade e o confessionalismo, real ou fictício.
A escrita em forma de memórias pode ser um recurso narrativo adotado por um autor para dar forma literária a uma obra fictícia. O memorialismo fictício supõe a elaboração de uma obra que, de um modo ou de outro, simule a produção de um livro de memórias.'
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A Cicatriz de David, S. Abulhawa - Contribuição da Andyara


Gostei do livro!? Não tenho tanta certeza! Por que? Porque é mais um livro de guerra, de dominação, de violação dos direitos humanos, de imposição, de arrogância e covardia. E como tal só mostra a crueldade do homem... com os seus semelhantesDo dominado aodominador, do que sofre ao que faz sofrer…, pois guerra é guerra em qualquer parte do mundo, independe da sociedade, etnia, religião, seja qual for o motivo, sempre é terrível e deve ser rechaçadaIdentifiquei em vários momentos do livro, a violência de nossas cidades, estrupo, sequestro, assassinado de mulher grávida, roubo…, e sentimentos de medo, insegurança, tristeza, abandono e esperança. Em guerra não há vencedor, todos perdem!
Mas o livro deve ser lido!? Sim! E por várias razões! Uma delas é que a autora concilia o terror da guerra de dominação dos judeus na criação do Estado de Israel com a saga de uma família palestina em busca de sua sobrevivência cultural e territorial. Outra razão, é apersonagem Amal, que domina a história com determinação e solidão, sobrevivente de um mundo hostil e que busca até o fim a identidade palestina de forma tocante e apaixonante! Ela merecia um outro destino! E por fim, a autora, filha de refugiados palestinos, conhece a realidade da guerra, na versão palestina, mas descreve de forma simples, direta e envolvente. Consegue transmitircenas violentas e amorosas com clareza, sem entediar o leitor com excesso de detalhes!
O que o livro me deixou!? Um pouco da cultura palestina.Como não ficar encantada com a beleza do seu agradecer, pois na terra da Amal as pessoas que nos fazem bem são agradecidas com algo mais do que o nosso “obrigado”, lá eles desejam que: “...Alá traga sempre alimento à sua casa”; “...Alá sempre te dê forças para ajudar aos seus irmãos palestinos…”; “...seus filhos tenham sempre saúde e possam reverenciar os antepassados…”. Pensamento positivo atrai pensamento positivo! 
E agora!? Agora... é acreditar que o homem, assim como é capaz de violências atrozes, consegue, também, realizar ações que trazem benefícios a todos, independentemente de sua etnia, religião ou território. Acalmar a alma!! É necessário!!! Buscar a paz!! É primordial!! Um povo que se revela carinhoso com os outros...pode ser o primeiro passo do homem.

Brasília, 9 de abril de 2015
Andyara Schimin

terça-feira, 14 de abril de 2015

A Cicatriz de David, S. Abulhawa - Apresentação de Ana Lima


A Autora
Susan Abulhawa, árabe, nascida em 3 de junho de 1970, em um campo de refugiados no Kuwait, é uma escritora e ativista dos direitos humanos palestino-americano.
Os pais de Abulhawa, nasceram  em At Tur ( Monte das Oliveiras) em Jerusalém e eram refugiados da guerra de 1967.
Seu pai, de acordo com relatos, foi expulso de Jerusalém e sua mãe, que estava estudando na Alemanha, não teve possibilidade de retornar. Posteriormente , o casal consegue se reunir na Jordânia e depois vão para o Kuwait, onde Abulhawa nasce em 1970.
Seus pais não permaneceram juntos por muito tempo e Susan é enviada para viver com um tio nos EUA, onde permaneceu até os cinco anos de idade.
Em 1975, com 5 anos de idade, volta ao Kuwait vivendo entre membros da família no Kuwait e Jordânia.
Com 10 anos é levada para Jerusalém oriental, onde passou 3 anos em uma escola (orfanato) só para meninas.
"As condições eram difíceis. Mas esses foram alguns dos meus anos mais felizes da infância", diz Abulhawa. "Minha família é originária do Monte das Oliveiras, em Jerusalém, por isso o meu tempo na escola me ajudou a descobrir minhas raízes e realmente conhecer as ruas de Jerusalém, de uma forma que a maioria dos refugiados palestinos são impedidos de fazer”
Aos 13 anos, é enviada para Charlotte, Carolina do Norte, onde foi adotada.
Formou-se em Biologia na faculdade Pfeiffer, na Carolina do Norte e participou da USC School of Medicine como estudante de pós-graduação no Departamento de Ciências Biomédicas, recebendo seu diploma de Mestre em Neurociências pela Universidade da Carolina do Sul.
Mais tarde, voltou-se para o jornalismo e ficção e tem contribuído para vários artigos publicados em maiores e menores periódicos norte-americanos e jornais internacionais, entre outros.Embora a premiada autora Susan Abulhawa seja uma escritora de ciências para revistas médicas, sua paixão real é a literatura.
Em 2000, Abulhawa visitou o campo de refugiados de Jenin, voltando à Palestina nos anos de 2001 e 2002 no rescaldo do massacre que ocorreu em abril, durante um maciço ataque militar.
Profundamente afetada pelas experiências, Abulhawa resolveu contar ao mundo o que viu, no livro A cicatriz de David, publicado em 2006. Então, quando eu saí de lá, realmente queria contar a sua história, porque sabia que ninguém ia falar sobre isso. "
          De volta aos EUA, Susan teve dificuldades em conciliar suas atividades na empresa farmacêutica, em decorrência de suas preocupações com as agruras do povo de Jenin. "Eram duas partes da minha vida e foi sufocante. Poucos meses depois, fui despedida e foi provavelmente a melhor coisa que me aconteceu”.
Abulhawa é o fundadora de Playgrounds para a Palestina, uma ONG com o objetivo de construir, para as crianças palestinas, playgrounds na Palestina e em campos de refugiados da ONU no Líbano. O primeiro campo de jogos foi erguido no início de 2002.
            Ela vive atualmente em Yardley, Pensilvânia.
Em 2013, Abulhawa publicou uma coleção de poesias intituladas como "My Voice Sought the Wind" e foi anunciado, ainda, que ela completou e vendeu seu segundo romance manuscrito.
  
 O LIVRO
O Romance, As manhãs em Jenin, publicado originalmente, em 2006, sob o título A cicatriz de David foi publicado pela Bloomsbury e traduzido para o árabe por Bloomsbury Qatar Foundation Publishing sendo também  traduzido em pelo menos duas dezenas de outras línguas tornando-se um best-seller internacional.
O título do livro é posteriormente alterado, talvez pelo fato de que David acaba sendo um personagem coadjuvante nessa história, onde a guerra se torna o centro das atenções.
No livro, Susan Abulhawa nos mostra a triste realidade de uma guerra que já dura anos, o conflito Israel X Palestina. 
“O ponto de partida para o romance começou em 2001, quando um político palestino e acadêmico, Hanan Ashrawi escreveu a Abulhawa depois que leu um texto que ela havia escrito. Ashrawi disse que ela poderia escrever "uma biografia de primeira”.
Abulhawa viajou para o campo de refugiados de Jenin, depois de ouvir relatos de que um massacre estava ocorrendo ali. O que ela testemunhou estimulou-a a escrever. Como ela conclui em suas notas no final livro, “a coragem e a humanidade do povo de Jenin foram minha inspiração."
Quando Susan começou a escrever seu livro, sua intenção era política, a fim de trazer a narrativa palestina para a literatura ocidental, mas logo foi pega em seus personagens e se tornou 100% romancista: "... uma vez que os personagens ganharam vida, o meu único objetivo era ser fiel a eles - para contar sua história com honestidade. Eu não pensei sobre o público. Eu não pensei sobre o politicamente correto. Eu não acho que haja política em tudo, foi apenas sobre as pessoas na história. Era sobre a terra e as árvores e o que diriam se pudessem falar. Eu amei cada personagem do romance, sem exceção”. 
     Resenha (Por John Monteiro)
Plantações de azeitonas e de figos eram do que viveram os habitantes palestinos de uma aldeia de fronteiras abertas com sol, tempo árido e em meio de colinas rochosas. Ein Hod, vilarejo de pessoas simples, muçulmanos fervorosos e muito crentes em Alá, que acordavam ao raiar do sol para uma das cinco orações diárias.
O livro narra a saga dos antepassados e familiares contemporâneos de Amal, no período em que o estado de Israel é criado. Na tentativa de dar voz aos palestinos oprimidos pela desapropriação das terras pelos judeus, durante a constituição do estado israelita.
A personagem principal é Amal, uma palestina que conseguiu uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, e mora lá, porem a narrativa começa muito antes da personagem nascer, se inicia em 1941, quando os judeus ainda sofriam nos campos de concentração alemães. Amal só nasce em 1955.
A introdução do livro é contundente e poética, descreve uma aldeia simples, ao leste de Haifa, cidade palestina. Amal é uma garota que nasceu em um campo de refugiados, chamado Jenin. A narração do romance varia, em alguns momentos é narrado em terceira pessoa, às vezes em primeira pessoa, na maior parte por Amal, e em alguns momentos a narração é feita por outro personagem, mesmo este não sendo o protagonista, e de modo não linear, que utiliza flash backs. Há muitas expressões árabes e judias, por isso, no fim do livro há um glossário.
A família de Dalia e Hassan, pais de Yousef (o mais velho), Ismael (o do meio) e Amal (a caçula), vive das colheitas de azeitonas nas terras de seus ancestrais. Até que, em 1948, nasce o Estado de Israel, e o destino das famílias de Haifa, toma uma guinada radical. Na confusão da guerra, Ismael, é sequestrado por Moshe, soldado judeu, e passa viver com a família judia dele e sua esposa, Jolanta, desse momento em diante Ismael passa a ser chamado de David. Daí então é educado em uma cultura totalmente diferente da sua origem árabe.Pelo lado inimigo, Ismael, que agora é David, é criado, sem saber, por uma família que não é sua, alista-se no exercito israelita e luta contra os Árabes. 
Várias cenas são muitos tristes. Algumas mortes – como em toda guerra – são cruéis e são aplicadas a civis e inocentes. O livro conta bem a face de outra moeda que nem todo mundo esta disposto a saber: a desapropriação das terras de palestinos inocentes, que nada tem a ver com as crueldades impostas pelos alemães aos judeus, durante a Segunda Guerra Mundial. Os árabes em questão são vítimas, e os judeus aqui é que são os vilões, o que mostra duas facetas de uma mesma moeda – a humana. O bem complementa o mal, e todos, independentemente da origem, tem dentro de si o mal e o bem, e isto é exposto nos soldados judeus, que agora que estão armados e tem o poder, tratam os palestinos de forma desumana, ao estuprar, matar crianças, civis e inocentes, as vítimas do Holocausto, se tornam vilões da guerra entre Palestina e Israel.
A verossimilhança do livro e acontecimentos históricos são aspectos interessantes da obra, sobretudo para quem gosta de conhecer a história de um povo, e também estimula a informação de outro lado que sofreu com uma guerra, mas que é encoberto devido à dor dos judeus. A sensação de impotência aparece em várias situações lidas no livro, além da tristeza e o desespero. Um livro emocionante, que tem um fim reflexivo e mais do que válido, sobre aesperança de um povo, de uma cultura, sobre a esperança palestina”.
 Publishers Weekly chama de "ricamente detalhado, bonito e ressonante," dá voz única de quatro gerações de uma família palestina. Em partes autobiográficas, Abulhawa diz que "os personagens são fictícios, mas há elementos de cada personagem que lembram as pessoas que eu conhecia”. Alguns dos nomes dos personagens foram alterados e alguns dos eventos, mas a maior parte desse capítulo ( o orfanato) é totalmente real. Há outros paralelos entre a minha vida que surgiram de forma não intencional”.
Bernard-Henri Levy, escritor e filósofo francês de origem judaica considerou o livro "A cicatriz de David" como um dos três recentes acontecimentos que têm como único objetivo o de demonizar Israel. Em um ensaio com o título de "O anti-semitismo por vir" relaciona além da obra de Abulhawa, o documentário de Vibeke Lokkeberg "Lágrimas de Gaza", assim como movimentos de alguns grupos ativistas que têm como meta o boicote econômico de Israel.  Bernard afirma que o livro é “uma concentração de clichês anti-Israel e anti-judaicas disfarçados de ficção”.
Susan não aceita as críticas e rebate até de forma agressiva acusando Levy de ser uma estrela pop que usa como argumento para defender Israel apenas "o velho mantra de que todos aqueles que criticam os judeus são anti-semitas e racistas". Acrescenta, na oportunidade, que sua obra pretende apenas  entreabrir ligeiramente a cortina para mostrar uma verdade escura que se deseja manter escondida. 

           Opinião recolhida na internet sem identificação do autor:
““Em várias cenas a descrição poética é muito forte. Há também citação de poesias de autores árabes como Jala al Din Rumi, poeta do século 13, que são recitadas pelo pai de Amal, o que mostra um pouco da literatura deste povo, e mais ainda da cultura árabe. As expressões judaicas e árabes também são outra característica marcante do livro, além dos nomes bíblicos como David e Ismael, que possuem significados para as religiões judaica e islâmica”.

Repórter do Instituto da Cultura Árabe entrevista Susan e emite suas opiniões:
A palestina que vive no exílio procurou colocar em 448 páginas uma pequena passagem da história palestina, abrangendo cerca de seis décadas, as três gerações que viveram, e ainda vivem, sob a ocupação israelense. E nesta linha traçada por Abulhawa, passamos grande parte da obra na cabeça de Amal, uma mulher nascida no caminhar do que os palestinos chamam de nakba.
“A Cicatriz de David”, apesar do nome, é uma história sobre mulheres palestinas. Amal, a personagem principal, nos conta sua vida, seu exílio, sua condição de desterrada. Revela a angústia de sua sexualidade, sem os exageros a que estamos acostumados por essas bandas, mas sem nos furtar de imaginar o prazer, o sentimento.
Susan tem uma outra característica. O esforço da autora acaba por seguir destinos de histórias incessantemente ouvidas, contadas da mesma forma inúmeras vezes. É a tal necessidade de sobrevivência e de revolta. Mas Amal, a personagem mais cativante e turbulenta do livro, nos devolve ao curso de uma leitura intrigante expondo as angústias de ser palestina. Ela nos leva pela mão a todas as formas de violência que uma palestina pode sofrer, vindo desde os homens da família ou da ocupação israelense, da violência física dos soldados ao exílio. De um autoimposto apagamento da identidade para que esta não a consuma à recuperação dessa identidade para que a falta dela não a mate por dentro.
Aqui, o romance nos aproxima de uma forma pavorosa do que é vivido pelos palestinos nas seis décadas cobertas pela autora. Esperamos pelo tiro. Sentimos a raiva da humilhação. Saímos do país para o exílio sem esperança de solução. Desistimos de ser palestinos.Voltamos, com fúria, a ser palestinos. 
“Este livro foi uma tentativa de dar voz a palestinos sem voz”.  
“É uma história humana. Hoje, nossa existência é percebida comoum ato político; mas temos uma longa história, uma rica cultura e lindas tradições. Esta é a história de uma família, existindo e tentando sobreviver através da construção artificial imposta em nossa terra por estrangeiros. É na verdade um velho e trágico script do colonialismo, do imperialismo e de noções de superioridade divina”.
Termina-se o livro com aquela sensação de impotência, de vazio, de paralisia. Fecha-se o livro cansado, como sai-se abatido de uma entrevista com um palestino. De 1948, de 1967, de Jerusalém, da Cisjordânia, de Gaza, não importa. Parece que estamos a ler uma biografia, a biografia da esperança palestina. Incessantemente interminável”.
Alguns aspectos geográficos, econômicos e outros

Israel
Estado criado em 1948 na região histórica da Palestina, é um dos menores países do Oriente Médio e tem 60% de seu território coberto por deserto. O fato de ser o único país judeu em um área predominantemente islâmica marcou cada aspecto de suas relações diplomáticas, econômicas, políticas e demográficas. Nos últimos anos, tornou-se um grande pólo de tecnologia e informática. Tem um presidente, com poder mais simbólico que efetivo, e um poderoso primeiro-ministro, que passou a ser escolhido por eleições diretas a partir de 1996. 
Estado de Israel é o único país do mundo onde a maioria da população é seguidora do judaísmo. O cristianismo e o islamismotambém têm presença significativa de fiéis entre os cidadãos israelenses. Além disso, há também outras minorias religiosas comoos drusos e Baha'is. Israel concentra inúmeros locais sagrados das três grandes religiões monoteístas e reconhece a liberdade religiosa de todas, permitindo aos peregrinos de todo o mundo livre acesso aos lugares santos. De acordo com a pesquisa realizada em 2011 pelo Instituto Central de Estatísticas de Israel, 75,3% da população total de Israel é constituída de judeus (5.837.000 indivíduos). 20,5% são seguidores do Islã (1.587.000 pessoas). As demais religiões somam 4,2% da população.

Palestina
Denominação histórica dada pelo Império Romano à partir de um nome hebraico bíblico, a uma região do Oriente Médio situada entre a costa oriental do Mediterrâneo e as atuais fronteiras ocidentais do Iraque e Arábia Saudita, hoje compondo os territórios da Jordânia e Israel, além do sul do Líbano e os territórios da Faixa de Gaza e Cisjordânia.
A religião é muçulmana (90%) com predominância do islamismo sunita. Na Cisjordânia, os costumes islâmicos não são seguidos tão rigidamente quanto na Faixa de Gaza, onde a pobreza é maior e onde se veem mais homens barbados e mulheres com o corpo coberto por mantas e por véus
A língua predominante na Palestina é o árabe, na sua variedade dialetal palestina.
A economia palestina sofre muito com o estado quase permanente de guerra na região desde a criação do Estado de Israel em 1948. A destruição gerada pelos conflitos inviabiliza o crescimento econômico do país. A pobreza e o desemprego são altos. Muitos dos palestinos sobrevivem através de empregos em Israel como lixeiros, serventes e outras ocupações rejeitadas pelos israelenses. O setor produtivo mais expressivo em território palestino é o relacionado à produção de alimentos. A corrupção administrativa e os assaltos também são empecilhos ao desenvolvimento da economia. Aeconomia é dependente da ajuda financeira externa. A violência também prejudica o turismo religioso. O comércio é prejudicado pelo controle de Israel sobre as fronteiras palestinas.
A população palestina dispersa pelos países árabes em campos de refugiados, ou situados nos territórios de Gaza e Cisjordânia, é estimada em quatro milhões de pessoas.

Conflito Árabe-Israelense

Os primeiros vestígios da presença de hebreus na região que hoje conhecemos como Palestina se dá nos fins do século XIII a.C. Com o enfraquecimento do império egípcio o local começou a ser ocupado por tribos hebraicas - no interior - e pelos felisteus na área litorânea. A animosidade surge entre esses povos e as tribos hebraicas resolvem se unir e formar um reino, comandado por Saul. Seu filho David, no século X a.Cexpulsa os filisteus. David é sucedido por seu filho Salomão e após sua morte o reino é dividido em dois: o de Israel e o de Judá, cuja capital é Jeruzalem. 
A região ao longo dos anos vai sendo dominada por assírios, babilônicos, persas e gregos-macedônicos, até que no ano de 63 a.Cé conquistada pelos romanos. Com a decadência do Império romano a região é comandada pelo império bizantino (324 a 614 d.C.),oportunidade em que apresenta grande prosperidade e grande evolução demográfica, com a população de maioria cristã. A região ainda é dominada 14 anos pelos persas, até que em 638 d.C os árabes muçulmanos passam a ter o seu controle.
De 1417 até 1917 a região fica sob o domínio turco-otomano. A Palestina mesmo sobre domínio otomano (500 anos), continuou sendo habitada por árabes em sua maioria e algumas minorias judaicas, por quase 1500 anos. E, durante esse enorme período conviveram de forma pacífica. 

O início dos conflitos

A animosidade árabe em relação aos judeus começa em 1882, data do início do movimento sionista - retorno dos judeus à terra prometida (Monte Sion), patrocinado pelo Barão de Rothschild, que contribuiu para a aquisição e formação de 19 colônias e uma escola agrícola, em razão da perseguição dos judeus na Rússia czarista. A partir de 1897, a colonização privada meio filantrópica, meio colonial,sustentada por alguns ricos financistas judeus, é substituída por um programa estritamente nacionalista de colonização organizada, com objetivos políticos bem definidos. Os judeus eram motivados pelo desejo de conquistar para eles próprios uma identidade nacional e de estabelecer uma Estado Judeu que seria independente de todo outro governo e que, com o tempo, atrairia para seu território os judeus do mundo inteiro.
Esse movimento, começou a ser hostilizado pelo povo árabe da Palestina, que resistia a qualquer imigração em grande escala de colonos tão abertamente decididos a desapossá-los, e também começou a contar com a oposição das autoridades otomanas, que não poderiam encarar favoravelmente a implantação, num departamento importante de seu império, de uma comunidade estrangeira que tinha como desígnio político a criação de um Estado independente.
Contudo, segundo Fayes Sayegh, nos princípios da Primeira Guerra Mundial (1914), os sionistas não passavam de uma minoria, representando 1% da população judia do mundo. De acordo com o autor, as atividades sionistas suscitavam o receio e a oposição dos outros judeus, que procuravam a solução do “problema judeu” na “assimilação” na Europa Ocidental e nos Estados Unidos da América, e não na “auto-segregação” na Palestina. A colonização sionista, por esse motivo, teria progredido muito lentamente.
Com o final da primeira guerra, contudo, com o incentivo da Inglaterra (declaração Balfour) o movimento sionista ganha novas perspectivas. A população judia que era de 65.000 pessoas em 1918 passa para 175.000 em 13 anos e com a perseguição nazista, chega perto dos 500.000, em 1938. 
Nesse meio tempo, os árabes (1936) voltam-se contra os judeus e contra os ingleses. Em contrapartida, O Haganh (Exército Clandestino judeu, criado no início do século com o objetivo de defender as colônias judias), apoiado pela Grã-Bretanha, entra em ação contra os árabes.
Diante desse cenário, uma comissão de estudos formada pelos ingleses apresenta como solução a criação de  um Estado Árabe, um Estado Judeu e um território, sob o mandato da Inglaterra, compreendendo Jerusalém, Belém e Nazaré.Os árabes levam o seu protesto até à Liga das Nações, as guerrilhas continuam, os atentados se sucedem e a resolução do problema é mais uma vez procrastinada.
Com a eclosão da guerra, em 1939, uma onda de imigração clandestina começou a desenvolver-se na Europa (cerca de 150 mil judeus, pelo menos, imigraram para a Palestina entre 1939-48). Por outro lado,  as potências do Eixo teriam intensificado a ajuda aos árabes, enviando-lhes agentes e armas para sustentar sua luta contra os ingleses e os sionistas. Organizações terroristas judias, por sua vez , como o Irgun (surgido em 1938, de uma dissidência do Haganah) e o Stern (fundado em 1941), engajaram-se na luta contra o domínio britânico e os árabes, sobretudo após 1944.
A descoberta do genocídio nazista aos judeus, com a presença na Europa de 100 000 sobreviventes à espera de partirem para Israel tornam insustentável qualquer tentativa de coibir o afluxo de judeus para a Palestina. Diante dessa situação insolúvel e de sua fragilidade no período pós-guerra e se voltando para a reconstrução interna do país, a Inglaterra, em 1947, anuncia que iria se retirar, em 15 de maio de 1948, deixando às Nações Unidas o encargo de decidir sobre o futuro da Palestina.


A resolução da ONU e a primeira guerra árabe x judeu

Em 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral das Nações Unidas votava pela partilha da Palestina entre um Estado judaico e um Estado árabe. A cidade de Jerusalém, considerada uma entidade separada, seria colocada sob autoridade internacional (na ocasião a cidade tinha uma população igual de judeus e de árabes). Nessa época, a região possuía uma população de 1.500.000 árabes e 700.000 judeus. Mesmo assim, em minoria os judeus contariam comuma extensão territorial maior para o seu Estado: 14.000 Km²; já o Estado palestino árabe teria 11.500 Km². 
A declaração da ONU (concretizada somente, porque estava, diretamente alinhada, aos interesses das potências européias, do início do século XX) elevaria ainda mais as tensões entre árabes e judeus, dando origem ao conflito de maior porte
Em 15/5/48 os exércitos do Egito, Jordânia, Siria, Líbano, Iraque e Arábia Saudita declaram Guerra à Israel e invadem o território delimitado pela ONU para os judeus. É necessário lembrar que o referido conflito levou à dissolução do próprio plano inicial de partilha e o Estado palestino árabe não chegou nem mesmo a se constituir. Com a assinatura do armistício em 1949, Israel passou a deter 75% do território da Palestina. 
À partir daí os conflitos se tornam intermináveis propiciando outras guerras, invasões territorias, massacres e atentados terroristas. 


Na verdade os judeus foram vítimas do anti-semitismo propagado na Europa, desde a antigüidade à modernidade. Como exemplo disso temos os batismos forçados pela Igreja Católica; os massacres decorrentes do fato de responsabilizarem os judeus pelas epidemias; os violentos progroms da Rússia Czarista, o Caso Dreyfus na França; o extermínio de judeus durante a Segunda Guerra, entre outros. 
Tais acontecimentos, acabaram por determinar a auto-segregação judia no continente europeu e foi fator preponderante para a fundamentação do sionismo, legitimando a “volta” do povo judeu à Palestina. 
O propósito da Organização Sionista Mundial de fundar um “lar nacional judaico” na Palestina parte da premissa que a terra lhes pertence por direito sagrado e histórico e que os árabes teriam se apropriado da Palestina depois dos Hebreus.
Não se pode negar aos judeus a formação de um Estado e por outro lado não cabe aos árabes serem os protagonistas das conseqüências provocadas por isso, uma vez que esses encontram-se na Palestina há mais de um milênio. 
Em verdade, o domínio exercido sobre os povos árabes do norte africano nos últimos decênios do século XIX e depois, a partilha do Oriente Médio entre França e Inglaterra, fizeram com que os árabes cultivassem e alimentassem o ódio ao dominador ocidental, fazendo com que o nacionalismo árabe fosse aumentando a medida que os sionistas passaram a dominar o território da Palestina.
Para muitos radicais árabes, os israelenses são intrusos do ocidente e por isso não reconhecem o Estado de Israel, além de serem vistos como usurpadores de seus territorios, representam também o símbolo mais próximo do “ocidente odiável”.

a neutralidade (...) só poderia ser proveniente da indiferença. E reconheço que é uma atitude fácil, enquanto não saímos da Europa.Mas se, como eu fiz, empreendermos a viagem e virmos, nos arredores de Gaza, a morte lenta dos refugiados palestinianos, as crianças macilentas, subalimentadas, nascidas de pais subalimentados, com os olhos sombrios e velhos; se, do outro lado, nos Kibbutzim fronteiriços, virmos os homens nos campos, trabalhando sob a ameaça perpétua e os abrigos cavados entre as casas, se falarmos aos filhos deles, bem alimentados, mas que têm, no fundo do olhar, uma angústia inexprimível, não nos podemos manter neutros; é que se vive apaixonadamente o conflito, e não se pode deixar de o viver sem um tormento incessante, examinando sob todos os seus aspectos e procurando encontra-lhe uma solução, embora sabendo muito bem que esta busca é infrutífera e que acontecerá – na melhor ou na pior das hipóteses – aquilo que os Israelitas e os Árabes decidirem.”

Jean-Paul Sartre



OLP

Organização política formada em 1964 com o objetivo de lutar pela independência da Palestina. 
Teve um papel centralizador dos vários movimentos de resistência clandestinos e veio a perseguir os seus intentos tanto pela luta armada como pela via diplomática. 
De 1968 a 2004 teve como presidente Yasser Arafat, líder do Al Fatah (uma das forças de libertação da Palestina que se juntaram para criar a OLP, e se tornou o seu braço armado). A partir de 1974, aOLP foi reconhecida como a única entidade representativa do povo palestiniano.
Após vários conflitos ocorridos nos anos 70 - foi expulsa da Jordânia e, em 1982, do Líbano -, a OLP organizou o seu quartel-general em Tunes, continuando com a luta contra a ocupação israelita, principalmente em Jericó e na Faixa de Gaza. 
Em 1987 tornou-se a principal força por trás da Intifada ("revolta") campanha palestiniana de protestos e manifestações, em grande parte violentas, contra a ocupação dos territórios pelas forças militares israelitas. 
No ano seguinte, Arafat declarou a independência do Estado da Palestina, com sede em Jerusalém, mas só em 1993 Arafat e Yitzhak Rabin, primeiro-ministro israelita, assinaram o acordo de paz que atribuiu o estatuto de autonomia à Palestina. Em consequência, foi criada a Autoridade Nacional Palestiniana, com quartel-general em Ramallah e presidida por Arafat (após eleições em 1996, em que saiu vencedora a OLP), com o objetivo de governar o Estado da Palestina, embora com a participação israelita em algumas áreas como a segurança.
Sucessivos conflitos políticos e confrontos entre as tropas israelitas e grupos terroristas de ação local, como o Hamas, dificultaram a manutenção do acordo de paz, que veio a ser quebrado em 2000 no fracassado encontro em Camp David, EUA, entre Arafat e o então primeiro-ministro israelita Ehud Barak.
Nesse mesmo ano, tropas israelitas invadiram Ramallah, montando o cerco a Yasser Arafat que se tornou prisioneiro domiciliário até à sua morte, em 2004.



Facções radicais na luta contra os israelenses

Al-fatah (Final dos anos 50) - Fundada pelo líder Yasser Arafat, esse grupo adota como estratégia a luta de guerrilhas com pequenas ações isoladas. O objetivo é eliminar o controle do Exército israelense naPalestina.
Uma das facções mais extremistas do Al-Fatah, chamada Setembro Negro, matou 11 atletas israelenses em plena Olimpíada de Munique, em 1972

Frente democrática para a libertação da palestina (1969) - Tido como moderado, esse grupo defende a existência de um Estado palestino convivendo com Israel. Envolvido em ações armadas nos anos 70 e 80, a FDLP hoje critica o terrorismo - pelo menos o internacional, opondo-se a atentados fora do Oriente Médio. Em maio de 1974, a organização assumiu a autoria do seqüestro e morte de mais de 20 crianças israelenses na cidade de Maalot.

Frente popular para a libertaçÃo da palestina (1967) - Nascida da fusão de três grupos guerrilheiros, foi fundada a 11 de Dezembro de 1967 por George Habash, um médico palestiniano de família de cristãortodoxa. Surgiu como uma organização de resistência à ocupação da Cisjordânia por Israel, após a Guerra dos Seis DiasEm 1968 uniu-se à OLP. A FPLP tornou-se a segunda maior facção da OLP, após a Fatah de Arafat. A FPLP rejeita acordos com o governo israelense e é contra as atuais negociações pela paz. A Ação mais conhecida, realizada por uma dissidência de nome Comando Geral, invadiu um prédio de apartamentos em Israel, matando 18 pessoas em 1974.  

Jihad islâmica palestina (entre 1979 e 1981) - Apontado como o grupo armado palestino mais radical, a Jihad opõe-se à existência de Israel e luta contra a presença de israelenses em território palestino. Em março de 1996, a Jihad se responsabilizou por atentados suicidas na cidade israelense de Tel Aviv, matando 20 pessoas

Hamas (1987) - Organização que faz trabalhos educacionais e beneficentes e participa de atividades políticas pacíficas, mas que também tem um braço militar que já realizou mais de 20 ataques suicidas contra civis israelenses no século 21. O Hamas assumiu a responsabilidade pelo primeiro atentado suicida contra civis em Israel, quando um homem-bomba matou cinco pessoas num ponto de ônibus em 1994

Lista incompleta de ataques terroristas atribuídos à FPLP

• Seqüestro de um vôo da El Al a partir de Roma para o aeroporto de Lod, em Israel, em 23 de Julho de 1968. O avião foi desviado para Argel, onde 21 passageiros e 11 tripulantes foram detidos por 39 dias.;
• Homens armados abriram fogo contra um avião de passageiros da El Al em Atenas que estava prestes a decolar para Nova Iorque, em 26 de dezembro de 1968, matando um mecânico israelense;
• Ataque a um jato de passageiros da El Al no aeroporto de Zurique, em 18 de Fevereiro de 1969, matando o co-piloto e ferindo o piloto;
• O bombardeio de um supermercado de Jerusalém, em 20 de fevereiro de 1969, matando dois israelenses e ferindo outros vinte;
• O seqüestro de um vôo TWA de Los Angeles a Damasco em 29 de agosto de 1969. Dois passageiros israelenses foram detidos por 44 dias;
• Três palestinos adultos e três meninos com idades entre 14 e 15 anos, lançaram granadas contra as embaixadas de Israel em Haia, em Bonn e escritório da El Al em Bruxelas, no mesmo dia, em 9 de setembro de 1969, sem vítimas;
• Ataque a um ônibus com passageiros da El Al no aeroporto de Munique, matando um passageiro e ferindo outras 11, em 10 de fevereiro de 1970;
• O bombardeio do voo 330 da Swissair com destino à Israel, matando 47 pessoas, em 21 de fevereiro de 1970;
• Em 6 de setembro de 1970, a FPLP seqüestrou 3 aviões de passageiros que iriam para Nova York
Pan Am (saindo de Bruxelas e desviado para o Cairo);
TWA (partindo de Frankfurt );
Swissair (decolando de Zurique);
E, 3 dias depois,  em 9 de setembro de 1970, sequestrou um avião BOAC de Bahrein para Londres, via Beirute.
As aeronaves da TWA, Swissair e da BOAC foram desviados para Campo Dawson em Zarqa, na Jordâniasendo  posteriormente destruídas , no dia 12 de setembro, em frente à mídia mundial, depois de todos os passageiros foram retirados do avião. O evento é significativo, como uma razão para os confrontos do Setembro Negro entre as forças palestinas e jordanianas.
• Em 30 de maio de 1972, 28 passageiros foram mortos a tiros no Aeroporto Internacional Ben Gurion em LodTel Aviv, por membros do Exército Vermelho Japonês, em colaboração com a FPLP no que ficou conhecido como o Massacre do aeroporto de Lod.
• Em 13 de outubro de 1977, a FPLP seqüestrou o voo LH181 da Lufthansa, uma aeronave Boeing 737, que estava a caminho de Palma de Maiorca para Frankfurt. Depois de ter executado várias pontes aéreas o piloto foi morto. Os restantes passageiros e tripulação foram finalmente resgatados por forças especiais do contra-terrorismo alemão.







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