sábado, 3 de setembro de 2016

Mudança de endereço

Queridos amigos leitores e apoiadores do Blog.

Estamos em novo endereço:

https://livroseraquetes.wordpress.com

Aguardamos a visita de vocês!

Até breve!!!

sábado, 6 de agosto de 2016

Criação Coletiva -

Espaço aberto à participação de todas!

Convite da Rosete:


MARÉS


Proposta da Rosete para o Grupo Livros e Raquetes: 
“A minha ideia é fazermos uma criação coletiva.
Esta poesia se chamará Marés e a estrutura é a areia falando para o mar recuar e depois voltar. O "para que" serviria para além de dar a cadência da maré dividir bem o que a areia fala para o mar.
Cada uma de nós faria pelo menos uma estrofe do recuar e voltar e vamos colocando no blog como um moto contínuo de criação coletiva.
Parece bom? Seria viável ?

Essa proposta foi aceita entusiasmadamente pelo grupo, e poeticamente por Maryse: 
Rosete. Está despertando em mim coisas que na verdade nunca dormiram... Como vai ser?  estou pronta...com o canto infinito do mar nos ouvidos e os olhos marejados, sal e areia 

MARÉS I




Recua, meu mar soberbo, e te esconde nas brumas brancas   
para que Eu, Areia, possa resplandecer cada um dos meus grãos cintilantes.   

Recua, meu mar grandioso, e me deixa ouvir o som do teu desabar constante   
para que Eu, Areia, possa acalentar todos os que se sentam em mim meditam inebriados com o teu recital.   
                                    
Volta, meu mar amante, a cada fim do dia
para que Eu, Areia, me junte a ti  sem o menor temor de desaparecer!

Rosete/agosto, 2016

MARÉS II

Vem e volta, mar bravio,
leva contigo o fastio
dos dias sem qualquer calor.
Traz de volta a melodia
de tuas vagas, noite e dia,
suaves como o langor
de meus castelos, areia,
banhados por lua cheia
resplandecente em fulgor,
que vara a noite toda
para morrer na alvorada
de tua espuma espraiada
em mim, areia esbranquiçada,
vestida de só uma cor.

Soniahelena/agosto, 2016


MARÉS III

Desejo a paciência como as ondas do mar, que a cada recuo, um novo andar....

Teresa Mury/agosto, 2016

MARÉS IV

Mar amigo, amante, mar ido, ficante,
o nosso gozo incessante, tua espuma revela...

Quando  te ausentas, sonho castelos;  acordo ventania, 
louca , ensandecida por não aguentar a espera…

Mas sempre voltas, fazendo  rendas pra me enfeitar.... 
E, rendada, rendida, risonha me abro para te amar...  

Queria trazer-te as pérolas mais lindas para bordar na tuas rendas, 
Queria lamber todas as tuas fendas, e conhecer os castelos dos teus sonhos, 

Mas, amiga, amante, tenho que ir... ainda que queira ficar... 
e nas idas e vindas, vivo, pela certeza de sempre te encontrar...

Teresa Lirio/agosto, 2016










sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Próximo Encontro - A Balada de Adam Henry, IAN McEWAN

O Próximo Encontro  em torno do Livro A Balada de Adam Henry de Ian McEwan será  no dia Primeiro de Setembro as 18:00, e a reunião  ficará a cargo das aniversariantes de setembro, Teresa Mury e Susy. local a confirmar.

Outra Vida - Apresentação da Suely e da Massumi




 Apresentação de Massumi:

OUTRA VIDA      -       de RODRIGO LACERDA


                  RESUMO DO LIVRO


Neste romance, seu estilo caracteriza-se pela impessoalidade, pois seus personagens não têm nomes. São apresentados como o Marido, a Mulher, a Filha, o Amante, a Sogra, o Chefe, o Deputado.

MARIDO – Um homem grande, de mais ou menos 2m. de altura, casado há 6 anos. Desajeitado, simples, tímido, filho de um açougueiro da cidade pobre de onde veio. Trabalhava numa estatal de comunicação como funcionário subalterno, cuja colocação foi conseguida através da sogra, amiga de um deputado. Fraco de caráter, cedeu à tentação de se corromper para dar uma vida de luxo à sua mulher.


MULHER – Moça mais nova do que ele, bonita, elegante, ambiciosa, criada num ambiente rico e que seguia os ideais de sua mãe. Casou-se porque ficou grávida, mas não possuía o sentimento matriarcal comum às mulheres e sofreu depressão pós-parto. Tipo de jovem mulher insatisfeita com a vida simples, era até vulgar, pois chega a pensar se fugiria com um estranho que a paquerou na banca de jornais. Personagem sem caráter porque achou que o marido não deveria ter devolvido o dinheiro da corrupção. A infidelidade não era problema para ela.

FILHA – Menina de 5 anos de idade, que gostava de animais e era mais ligada ao pai do que à mãe. Ao longo do romance, ela passou a apresentar problemas emocionais, tais como manias, crises de histeria, agressividade e baixa estima.

SOGRA – Mulher rica, dona das maiores salinas de sua cidade, de forte personalidade, com bons relacionamentos na alta sociedade. Era amiga de um deputado que atendia seus pedidos. Orgulhosa, desprezava o genro pela sua origem simples. Sempre ajudava sua filha , mas, com a crise financeira do país, as ajudas diminuíram. Era contra a mudança da filha para a cidade pobre.

AMANTE – Homem casado, sem filhos, chefe do marido, assessor do deputado.

DEPUTADO – Presidente da estatal de comunicação.


O autor narra os acontecimentos da partida do casal, marcados por minutos, intercalando com os fatos ocorridos no passado deles, tais como casamento, parto, emprego, corrupção, adultério, mudança de cidade.



O romance  desenrola-se numa rodoviária, onde o casal esperava o embarque para uma cidade pequena de onde vieram, após a perda do emprego do Marido. Estimulado por um antigo colega do curso profissionalizante, ele ofereceu dados importantes de uma licitação. Desse modo, foi condenado por corrupção e humilhado pela sociedade. Ele aceitara o suborno pensando em melhorar a vida da mulher e da filha, mas, após a descoberta do seu ato, devolveu o dinheiro.

A Mulher queria continuar sua vida de princesa da burguesia local, mesmo depois de casada, apesar de ter que viver com um parco orçamento domestico. Então, foi trabalhar como vendedora numa loja pequena, depois passou para uma loja num shopping, onde se tornou subgerente. Nesta fase da vida, começou a sair com amigos diferentes, enquanto o marido ficava com a Filha. O Marido sempre reclamava do chefe, então, ela tentou promover a aproximação dos dois, o que resultou no surgimento do Amante.


A Mulher não pensou que o adultério fosse durar muito tempo e se acomodou porque se acostumou a separar a vida sexual da convivência domestica. Entretanto, quando o escândalo estourou, o Amante depôs contra o Marido. Quando surgiu a ideia de voltar para a cidade pequena de onde vieram, ela ficou em dúvida se ia largar o marido e permanecer na cidade grande ou se ia voltar à vida medíocre que tanto detestava.


       Na rodoviária, ela recebeu um telefonema do Amante, dizendo que iria procura-la. O Marido ficou com a filha na lanchonete enquanto a Mulher foi a uma banca de jornais. Ela estava nervosa esperando o Amante, refletindo o tempo todo entre ficar na cidade, ou ir embora, ou casar-se com o Amante etc.


O Amante resolveu ir à rodoviária  a mando do Deputado, a quem a Sogra contara que eles iriam se mudar. Ele não se apaixonara pela Mulher, só  queria que ela se libertasse da vida que levava.
Ao chegar à rodoviária, ele não teve coragem de se aproximar logo. Ficou observando as pessoas, até pensou em fugir dali, apesar de saber que o Deputado ficaria furioso. Chegando mais perto, ouviu a Mulher aos gritos porque a Filha havia desaparecido.

A Mulher culpa o Marido e grita dizendo que ele é corrupto e covarde. Quando ele a agride, ela diz que tem um amante, que é o chefe dele. O casal briga aos gritos. Ela diz que o odeia e ele chora. Vendo isso, o Amante resolve retirar-se.


O casal foi levado à Delegacia, onde a Mulher ficou e o Marido saiu à procura da Filha. Quando a encontra com o gatinho que fora encontrado na rodoviária, o Pai fica aliviado e a Filha se agarra ao pai. A Mulher não chora e repreende a Filha. Na hora do embarque, ele vai andando na frente com a menina e a Mulher os segue, hesitante. Na hora de subir no ônibus,  a Filha pergunta se ela não vai com eles, a Mãe responde negativamente. A Filha, então, diz que vem visita-la.

O livro termina com a ruptura brusca da família. O Marido, aliviado, espera reconquistar o respeito dos outros e sua dignidade. A Mulher fica livre dos laços que a ligavam ao homem que não amava mais e à filha a quem não deu o devido amor materno.

 Rodrigo Lacerda escolheu utilizar o estilo de narração em que, ao mesmo tempo em que ele conta os fatos como um observador externo, ele entra na mente dos personagens e expressa seus pensamentos e sentimentos mais íntimos.

O autor descreve detalhadamente os acontecimentos do cotidiano  que ocorrem no país e no mundo. Seus personagens se inserem na atual conjuntura do Brasil. Na lanchonete da rodoviária, a televisão apresenta cenas de guerra, cidades destruídas, ações da Cruz Vermelha, analistas políticos, atividades no Congresso Nacional etc.


Descreve ações, ambientes, pensamentos e sentimentos das pessoas com uma profusão de detalhes nas cenas da rodoviária, da lanchonete, da “revistaria” (banca de jornais), da delegacia e da fila do ônibus.

Ao longo do romance, observamos algumas frases-feitas:

“A velhice de uma vida não aproveitada é mais cruel que tudo”
“O homem não se contenta com uma só mulher”
“Trabalhando para o Estado não se fica rico honestamente”
“Toda boa mulher custa caro”
“Bicho de rua tem doença
“Toda modéstia é falsa”.

Rodrigo Lacerda, ao narrar os fatos e sentimentos dos seus personagens, baseia-se nos opostos:

O certo x o errado
O bom x o mau
O bonito x o feio
O amor x o desamor
 A pequena cidade pobre x a moderna cidade grande
 O casamento x a separação
 A corrupção x a honestidade
 A fidelidade x a traição.



Outra Vida - Síntese da Reunião

Síntese da reunião enviada por Massumi:
No dia 4/8/2016, compareceram:
Maria José, Anna Cristina, Bia, Vera, Anabranda, Maria Célia, Andyara,  Teresa, Advany, Suely, Masumi, Andréia....e a mais nova integrante da nossa Sociedade Literária, Flávia.
Andyara deu início à votação do segundo turno, lendo os resumos  de "A Balada de Adam Henry" e de "Como eu era antes de voce ".
Ganhou " A Balada de Adam Henry" , quase por unanimidade.
A proxima reunião ficou marcada para o dia 01 de setembro.
Em seguida, Teresa Lirio falou sobre inovações a serem feitas  no blog e , para tanto, convidou todas as meninas para uma reunião neste sabado, 06/08, no Iate, às 12.15, em local a ser confirmado.
Iniciando a reunião sobre o livro de Rodrigo Lacerda, "Outra Vida",
Sueli falou sobre o autor, sua vida e obras.
Neto de Carlos Lacerda, recebeu tres Jabutis por seus livros.
A projeção de fotos da vida do escritor não pode ser feita porque o laptop não era compativel.
Em seguida, Masumi falou sobre os personagens do livro, as  caracteristicas do estilo do escritor e sobre  o romance em si.
Terminando, coroamos a noite literaria com um delicioso lanche e cantamos o "Parabens " para Sueli, a aniversariante do mes.

domingo, 17 de julho de 2016

Próximo Encontro - Outra Vida, Rodrigo Lacerda


Dois Irmãos - Apresentação de Vera Correa, Maria José e Andyara

1) Contribuição de Vera Correa:

 DOIS IRMÃOS – Milton Hatoum

QUADRINHOS E LITERATURA
Dois eventos me chamaram atenção para a versão quadrinizada do livro DOIS IRMĀOS. Primeiro, quando, na preparação da lista de livros indicados, Andyara lincou a versão em quadrinhos, que foi a primeira a aparecer na busca que fez pelo livro na internet; depois, quando Leila encomendou seu volume à Amazon, e recebeu essa versão, sem que a houvesse especificado.
Descobri então, um vasto universo, que pode receber as denominações de ARTE SEQUENCIAL/NARRATIVA; FIGURADA/HISTÓRIA EM QUADRINHOS/COMICS/MANGÁ/GIBI/BANDA DESENHADA/GRAPHIC NOVEL.
Para facilitar, vamos chamar essas manifestações de HISTÓRIAS EM QUADRINHOS - HQ -, embora haja diferenças entre elas. E depois vamos nos concentrar na GRAPHIC NOVEL, onde se encaixa o livro DOIS IRMĀOS, na versão dos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, em cima do texto de M Hatoum.
HQ é considerada a Nona Arte, depois do Cinema e da Fotografia.
V. link abaixo.
HQ não é um gênero literário, é um formato. V polêmica em link abaixo.
História das HQ remonta ao início do século XX. V. links abaixo.
O formato HQ já é objeto de estudos acadêmicos. A ECA-USP tem um núcleo de estudo de HQ e muitos estudiosos do Brasil e do mundo produzem textos acadêmicos sobre o assunto. V link abaixo.
Enorme mercado, tanto em termos de mão-de-obra quanto da produção de livros e revistas. Ainda gera eventos como feiras, desfiles, competições. Os grandes expoentes são EUA, Japão e Brasil.
As HQ são publicadas por grandes editoras específicas, como a Marvel, DC Comics, Conrad, Maurício de Souza, ou por selos dentro de editoras, e ainda em edições independentes, através ou não de financiamentos coletivos.
GRAPHIC NOVEL
O que nos interessa aqui. DOIS IRMÃOS, dos gêmeos F Moon e G Bá, agraciado com o maior prêmio das HQ, o Will Eisner Award, encaixa-se na classificação de GRAPHIC NOVEL.
Conceito: “A Graphic Novel ou, traduzindo para o português, o romance gráfico, é uma história produzida em quadrinhos, estilo que por sua vez capta personagens flagrados em atuações e atitudes preservadas por alguns momentos no que habitualmente se define como quadros particulares dispostos sequencialmente. Neles as falas são inseridas em balões de diálogo. Geralmente considera-se Graphic Novel uma história mais longa e elaborada, semelhante às obras literárias compostas no gênero conhecido como prosa. Embora os tradicionais gibis consumidos principalmente pelas crianças sejam também insistentemente rotulados de histórias em quadrinhos, este formato se caracteriza hoje por abrigar igualmente narrativas mais densas e complexas”.
http://www.infoescola.com/literatura/graphic-novel/

Algumas das obras clássicas da literatura universal e nacional  já foram transpostas para o formato graphic novel:
·    Ilíada, de Homero
·    Odisseia, de Homero
·    Divina Comédia, de D Alighieri.
·    Vários Shakespeare
·    Os Miseráveis, de V Hugo
·    Vários Machado de Assis
·    Guerra e Paz, de L Tolstoi
·    Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto
O formato tem sido usado em narrativas de cunho político: Joe Sacco (Gaza, Palestina, Sarajevo e Bósnia), Art Spiegelman (Maus, nazismo) e Marjane Satrape (Persépolis).
Um vídeo bem abrangente sobre o assunto:
  http://migre.me/u9l5f


2) Contribuição de Andyara: 

O AUTOR: MILTON HATOUM
Nasceu em 1952, em Manaus (Amazonas), onde passou a infância e uma parte da juventude. Em 1967 mudou-se para Brasília, onde estudou no Colégio de Aplicação da UnB. Morou durante a década de 1970 em São Paulo, onde se diplomou em arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, trabalhou como jornalista cultural e foi professor universitário de História da Arquitetura.
Autor de quatro romances premiados, sua obra foi traduzida em doze línguas e publicada em catorze países. Foi professor de literatura francesa da Universidade Federal do Amazonas (1984-1999) e professor visitante da Universidade da Califórnia (Berkeley/1996). Escritor residente na Yale University (New Haven/EUA), Stanford University e na Universidade da Califórnia (Berkeley). Em 1989, seu primeiro romance Relato de Um Certo Oriente, publicado pela editora Companhia das Letras, ganhou o prêmio Jabuti de melhor romance. Em 2000 publicou o romance Dois irmãos (prêmio Jabuti – 3º lugar na categoria romance/ indicado para o prêmio IMPAC-DUBLIN), eleito o melhor romance brasileiro no período 1990-2005 em pesquisa feita pelos jornais Correio Braziliense e O Estado de Minas. Desde 1998, mora em São Paulo, onde é colunista do Caderno 2 (O Estado de S. Paulo). Foi colunista dos extintos site Terra Magazine e da Revista Entrelivros.
CONTEXTUALIZAÇÃO
O livro tem por cenários as cidades de Manaus e seu entorno; São Paulo no Brasil; e uma aldeia no Líbano. O contexto histórico é compreendido entre as décadas 1910 a 1964. Descreve a vida na cidade de Manaus com a desordem de sua cultura e natureza, em detrimento a modernidade desenfreada, notadamente, após o golpe militar de 1964, com a zona franca, a vinda de novos imigrantes e homens de negócios. O leitor faz uma verdadeira imersão no mundo amazônico: os nomes indígenas dos rios, os mitos criados e repassados pelos ribeirinhos representados pelo boto, os costumes do povo, pelas pescarias e venda de peixe. As temáticas regionais vão sendo relacionadas num ambiente propício à disseminação da cultura já tão dizimada pelo processo de colonização.
ESPAÇO
MANAUS: Via um outro mundo naqueles recantos, a cidade que não vemos, ou não queremos ver. Um mundo escondido… (HATOUM, 2000, p. 59.)
FÍSICO: Problematiza as transformações ocorridas em Manaus, não somente retratando como também denunciando a falta de cuidado do governo com o desenvolvimento desenfreado, sem considerar as populações tradicionais, a destruição da fauna e flora.
RELIGIOSO: As demonstrações de fé e muitas vezes de fanatismo religioso fica por conta de Zana, a patroa, e Domingas, a empregada.
POLÍTICO E IDEOLÓGICO: Nael foi a fronteira entre dois mundos: estrangeiros desterrados e os autóctones com suas identidades “apagadas” .
CULTURAL: A cidade dos imigrantes – libaneses, portugueses, franceses, alemães−, dos indígenas, dos brasileiros de diferentes origens.
Ref.: Oliveira, M. R. B. de. Uma análise do espaço romanesco em Dois Irmãos, de Milton Hatoum. Dissertação, UFRO, 2013.
COMUNIDADE LIBANESA NO BRASIL
Existem 10 milhões de libaneses e descendentes no Brasil, contra 3,5 milhões que vivem no Líbano. Em 1880, primeira grande leva de libaneses cristãos, fugindo do Império Otomano, Estado de maioria muçulmana que dominava todo o Oriente Médio e era controlado pela etnia turca. A imigração de libaneses para o Brasil foi incentivada, também, por D. Pedro II, Imperador do Brasil, admirador da cultura árabe, quando em visita ao Líbano. Como os libaneses chegavam com o passaporte otomano, eram chamados de "turcos", denominação aplicada até hoje aos árabes e seus descendentes em parte do Brasil.


3) Contribuição de Maria José:

PERSONAGENS
·    NAEL – narrador da história, seu nome é revelado apenas na metade do livro. É filho da índia Domingas, empregada da casa, com um dos gêmeos. De sua posição de agregado, ao mesmo tempo secundária e privilegiada, transmite os acontecimentos ao leitor.
·    OMAR – um dos gêmeos. Por ter sido o segundo a nascer, é chamado pelo narrador de Caçula. Sua relação muito estreita com a mãe sugere o incesto. Indisciplinado e intempestivo é capaz de ações inesperadas e corajosas.
·    YAQUB – o irmão gêmeo de Omar. Introvertido e dedicado aos estudos, revela-se na juventude um grande conquistador. Parece sofrer com a preferência da mãe pelo irmão.
·    ZANA – mãe dos gêmeos e de Rânia. Mulher bela e de temperamento forte, é apaixonada por Omar.
·    HALIM – marido de Zana, apreciador dos prazeres da vida e nostálgico, mas também forte e corajoso. O tempo parece não influenciar a intensidade do amor que sente pela mulher.
·    RÂNIA – irmã mais nova dos gêmeos decide não se casar e dedicar-se inteiramente ao comércio.
·    DOMINGAS – índia que Halim e Zana haviam tirado de um orfanato ainda criança, é empregada da família e mãe de Nael.
FOCO NARRATIVO
CASA DEMOLIDA - O tema principal do romance é o drama familiar demolindo as vidas e, por consequência, o lar. O enredo é centrado na história de dois irmãos gêmeos -Yaqub e Omar - e suas relações com a mãe, o pai e a irmã. Moram na mesma casa Domingas, empregada da família, e o filho dela (que, mais tarde, se descobre ser o narrador), um menino cuja infância é moldada justamente por esta condição: ser o filho da empregada.
AMOR INCESTUOSO - Apesar de não estar escrito com todas as letras, deduz-se que o amor doentio da mãe (Zana) pelo filho mais novo (Omar) tem muito de incesto: ela o quer só para si, ignorando, a partir de certo momento, a relação com o próprio marido. Na mesma linha, classifica-se o amor de Rânia pelos irmãos gêmeos. Mas não se pode esquecer que a relação sexual entre Rânia e Nael também é um incesto, uma vez que ela pode ser a tia dele, já que se desconfia que ele seja filho de um dos gêmeos.
VOCABULÁRIO
·    Manauara – referente à Manaus (nascido em Manaus)
·    Cunhatã - termo indígena para o diminutivo de mulher.
·    Arak – bebida alcoólica de origem árabe, destilada da tâmara ou uva, aromatizada com anis dentre outras especiarias. Parecida com licor e consumida após as refeições.
·    Narguilé – cachimbo de água utilizada para fumar.
·    Maná – o livro bíblico de Êxodo o descreve como um alimento produzido milagrosamente, sendo fornecido por Deus ao povo hebreu, liberado por Moisés, durante sua estada no deserto rumo à terra prometida.
·    Gazais – gênero de poesia amorosa árabe, cuja tradução é "conversando com as mulheres".
·    Paxá – denominação dada entre os turcos, aos títulos dos governadores de províncias do Império Otomano.
·    Sufi – termo árabe, que se refere aos praticantes de uma corrente mística e contemplativa do Islã, onde se procura uma conexão direta com Deus através dos Cânticos.
·    Ramêni – órgão genital masculino, em árabe.
·    Curumim – palavra de origem tupi que designa as crianças indígenas
·    Nheengatu – também conhecido como nhengatu, língua geral da Amazônia, ou ainda pelo nome latino língua brasílica, é uma língua do Tronco tupi, da família Tupi-Guarani. É a língua materna de parte da população cabocla do interior amazônico, além de manter o caráter de língua de comunicação entre índios e não índios, ou entre índios de diferentes línguas.

Leitoras