Queridos amigos leitores e apoiadores do Blog.
Estamos em novo endereço:
https://livroseraquetes.wordpress.com
Aguardamos a visita de vocês!
Até breve!!!
Grupo de tenistas amantes da leitura. Encontros mensais para profundas discussões sobre o livro e seu autor. Discussões rematadas com um saboroso lanche.
sábado, 3 de setembro de 2016
sábado, 6 de agosto de 2016
Criação Coletiva -
Espaço aberto à participação de todas!
Convite da Rosete:
MARÉS
Recua, meu mar grandioso, e me deixa ouvir o som do teu desabar constante
Convite da Rosete:
MARÉS
Proposta da Rosete para o Grupo Livros e Raquetes:
“A minha ideia é fazermos uma criação coletiva.
Esta poesia se chamará Marés e a estrutura é a areia falando para o mar recuar e depois voltar. O "para que" serviria para além de dar a cadência da maré dividir bem o que a areia fala para o mar.
Cada uma de nós faria pelo menos uma estrofe do recuar e voltar e vamos colocando no blog como um moto contínuo de criação coletiva.
Parece bom? Seria viável ?
Essa proposta foi aceita entusiasmadamente pelo grupo, e poeticamente por Maryse:
“Rosete. Está despertando em mim coisas que na verdade nunca dormiram... Como vai ser? Já estou pronta...com o canto infinito do mar nos ouvidos e os olhos marejados, sal e areia “
Recua, meu mar soberbo, e te esconde nas brumas brancas
para que Eu, Areia, possa resplandecer cada um dos meus grãos cintilantes.
para que Eu, Areia, possa resplandecer cada um dos meus grãos cintilantes.
Recua, meu mar grandioso, e me deixa ouvir o som do teu desabar constante
para que Eu, Areia, possa acalentar todos os que se sentam em mim e meditam inebriados com o teu recital.
Volta, meu mar amante, a cada fim do dia
para que Eu, Areia, me junte a ti sem o menor temor de desaparecer!
para que Eu, Areia, me junte a ti sem o menor temor de desaparecer!
Rosete/agosto, 2016
MARÉS II
Vem e volta, mar bravio,
leva contigo o fastio
dos dias sem qualquer calor.
Traz de volta a melodia
de tuas vagas, noite e dia,
suaves como o langor
de meus castelos, areia,
banhados por lua cheia
resplandecente em fulgor,
que vara a noite toda
para morrer na alvorada
de tua espuma espraiada
em mim, areia esbranquiçada,
vestida de só uma cor.
Soniahelena/agosto, 2016
MARÉS III
Desejo a paciência como as ondas do mar, que a cada recuo, um novo andar....
Teresa Mury/agosto, 2016
MARÉS IV
Mar amigo, amante, mar ido, ficante,
o nosso gozo incessante, tua espuma revela...
Quando te ausentas, sonho castelos; acordo ventania,
louca , ensandecida por não aguentar a espera…
Mas sempre voltas, fazendo rendas pra me enfeitar....
E, rendada, rendida, risonha me abro para te amar...
Queria trazer-te as pérolas mais lindas para bordar na tuas rendas,
Queria lamber todas as tuas fendas, e conhecer os castelos dos teus sonhos,
Mas, amiga, amante, tenho que ir... ainda que queira ficar...
e nas idas e vindas, vivo, pela certeza de sempre te encontrar...
Teresa Lirio/agosto, 2016
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Próximo Encontro - A Balada de Adam Henry, IAN McEWAN
O Próximo Encontro em torno do Livro A Balada de Adam Henry de Ian McEwan será no dia Primeiro de Setembro as 18:00, e a reunião ficará a cargo das aniversariantes de setembro, Teresa Mury e Susy. local a confirmar.
Outra Vida - Apresentação da Suely e da Massumi
OUTRA VIDA -
de RODRIGO LACERDA
RESUMO DO LIVRO
Neste romance, seu estilo caracteriza-se pela impessoalidade, pois seus
personagens não têm nomes. São apresentados como o Marido, a Mulher, a Filha, o
Amante, a Sogra, o Chefe, o Deputado.
MARIDO – Um homem grande, de mais ou menos 2m. de altura, casado há 6
anos. Desajeitado, simples, tímido, filho de um açougueiro da cidade pobre de
onde veio. Trabalhava numa estatal de comunicação como funcionário subalterno,
cuja colocação foi conseguida através da sogra, amiga de um deputado. Fraco de
caráter, cedeu à tentação de se corromper para dar uma vida de luxo à sua
mulher.
MULHER – Moça mais nova do que ele, bonita, elegante, ambiciosa, criada
num ambiente rico e que seguia os ideais de sua mãe. Casou-se porque ficou
grávida, mas não possuía o sentimento matriarcal comum às mulheres e sofreu
depressão pós-parto. Tipo de jovem mulher insatisfeita com a vida simples, era
até vulgar, pois chega a pensar se fugiria com um estranho que a paquerou na
banca de jornais. Personagem sem caráter porque achou que o marido não deveria
ter devolvido o dinheiro da corrupção. A infidelidade não era problema para
ela.
FILHA – Menina de 5 anos de idade, que gostava de animais e era mais
ligada ao pai do que à mãe. Ao longo do romance, ela passou a apresentar
problemas emocionais, tais como manias, crises de histeria, agressividade e
baixa estima.
SOGRA – Mulher rica, dona das maiores salinas de sua cidade, de forte
personalidade, com bons relacionamentos na alta sociedade. Era amiga de um
deputado que atendia seus pedidos. Orgulhosa, desprezava o genro pela sua
origem simples. Sempre ajudava sua filha , mas, com a crise financeira do país,
as ajudas diminuíram. Era contra a mudança da filha para a cidade pobre.
AMANTE – Homem casado, sem filhos, chefe do marido, assessor do
deputado.
DEPUTADO – Presidente da estatal de comunicação.
O autor narra os acontecimentos da partida do casal, marcados por
minutos, intercalando com os fatos ocorridos no passado deles, tais como
casamento, parto, emprego, corrupção, adultério, mudança de cidade.
O romance desenrola-se numa rodoviária, onde o casal esperava o
embarque para uma cidade pequena de onde vieram, após a perda do emprego do
Marido. Estimulado por um antigo colega do curso profissionalizante, ele
ofereceu dados importantes de uma licitação. Desse modo, foi condenado por
corrupção e humilhado pela sociedade. Ele aceitara o suborno pensando em
melhorar a vida da mulher e da filha, mas, após a descoberta do seu ato,
devolveu o dinheiro.
A Mulher queria continuar sua vida de princesa da burguesia local, mesmo
depois de casada, apesar de ter que viver com um parco orçamento domestico.
Então, foi trabalhar como vendedora numa loja pequena, depois passou para uma
loja num shopping, onde se tornou subgerente. Nesta fase da vida, começou a
sair com amigos diferentes, enquanto o marido ficava com a Filha. O Marido
sempre reclamava do chefe, então, ela tentou promover a aproximação dos dois, o
que resultou no surgimento do Amante.
A Mulher não pensou que o adultério fosse durar muito tempo e se
acomodou porque se acostumou a separar a vida sexual da convivência domestica.
Entretanto, quando o escândalo estourou, o Amante depôs contra o Marido. Quando
surgiu a ideia de voltar para a cidade pequena de onde vieram, ela ficou em
dúvida se ia largar o marido e permanecer na cidade grande ou se ia voltar à
vida medíocre que tanto detestava.
Na rodoviária, ela recebeu um
telefonema do Amante, dizendo que iria procura-la. O Marido ficou com a filha
na lanchonete enquanto a Mulher foi a uma banca de jornais. Ela estava nervosa
esperando o Amante, refletindo o tempo todo entre ficar na cidade, ou ir
embora, ou casar-se com o Amante etc.
O Amante resolveu ir à rodoviária a mando do Deputado, a quem a
Sogra contara que eles iriam se mudar. Ele não se apaixonara pela Mulher,
só queria que ela se libertasse da vida que levava.
Ao chegar à rodoviária, ele não teve coragem de se aproximar logo. Ficou
observando as pessoas, até pensou em fugir dali, apesar de saber que o Deputado
ficaria furioso. Chegando mais perto, ouviu a Mulher aos gritos porque a Filha
havia desaparecido.
A Mulher culpa o Marido e grita dizendo que ele é corrupto e covarde.
Quando ele a agride, ela diz que tem um amante, que é o chefe dele. O casal
briga aos gritos. Ela diz que o odeia e ele chora. Vendo isso, o Amante resolve
retirar-se.
O casal foi levado à Delegacia, onde a Mulher ficou e o Marido saiu à
procura da Filha. Quando a encontra com o gatinho que fora encontrado na
rodoviária, o Pai fica aliviado e a Filha se agarra ao pai. A Mulher não chora
e repreende a Filha. Na hora do embarque, ele vai andando na frente com a
menina e a Mulher os segue, hesitante. Na hora de subir no ônibus, a
Filha pergunta se ela não vai com eles, a Mãe responde negativamente. A Filha,
então, diz que vem visita-la.
O livro termina com a ruptura brusca da família. O Marido, aliviado,
espera reconquistar o respeito dos outros e sua dignidade. A Mulher fica livre
dos laços que a ligavam ao homem que não amava mais e à filha a quem não deu o
devido amor materno.
Rodrigo Lacerda escolheu utilizar o estilo de narração em que, ao
mesmo tempo em que ele conta os fatos como um observador externo, ele entra na
mente dos personagens e expressa seus pensamentos e sentimentos mais íntimos.
O autor descreve detalhadamente os acontecimentos do cotidiano que
ocorrem no país e no mundo. Seus personagens se inserem na atual conjuntura do
Brasil. Na lanchonete da rodoviária, a televisão apresenta cenas de guerra,
cidades destruídas, ações da Cruz Vermelha, analistas políticos, atividades no
Congresso Nacional etc.
Descreve ações, ambientes, pensamentos e sentimentos das pessoas com uma
profusão de detalhes nas cenas da rodoviária, da lanchonete, da “revistaria”
(banca de jornais), da delegacia e da fila do ônibus.
Ao longo do romance, observamos algumas frases-feitas:
“A velhice de uma vida não aproveitada é mais cruel que tudo”
“O homem não se contenta com uma só mulher”
“Trabalhando para o Estado não se fica rico honestamente”
“Toda boa mulher custa caro”
“Bicho de rua tem doença
“Toda modéstia é falsa”.
Rodrigo Lacerda, ao narrar os fatos e sentimentos dos seus personagens,
baseia-se nos opostos:
O certo x o errado
O bom x o mau
O bonito x o feio
O amor x o desamor
A pequena cidade pobre x a moderna cidade grande
O casamento x a separação
A corrupção x a honestidade
A fidelidade x a traição.
Outra Vida - Síntese da Reunião
Síntese da reunião enviada por Massumi:
No dia 4/8/2016, compareceram:
Maria José, Anna Cristina, Bia, Vera, Anabranda, Maria Célia, Andyara, Teresa, Advany, Suely, Masumi, Andréia....e a mais nova integrante da nossa Sociedade Literária, Flávia.
Andyara deu início à votação do segundo turno, lendo os resumos de "A Balada de Adam Henry" e de "Como eu era antes de voce ".
Ganhou " A Balada de Adam Henry" , quase por unanimidade.
A proxima reunião ficou marcada para o dia 01 de setembro.
Em seguida, Teresa Lirio falou sobre inovações a serem feitas no blog e , para tanto, convidou todas as meninas para uma reunião neste sabado, 06/08, no Iate, às 12.15, em local a ser confirmado.
Iniciando a reunião sobre o livro de Rodrigo Lacerda, "Outra Vida",
Sueli falou sobre o autor, sua vida e obras.
Neto de Carlos Lacerda, recebeu tres Jabutis por seus livros.
A projeção de fotos da vida do escritor não pode ser feita porque o laptop não era compativel.
Em seguida, Masumi falou sobre os personagens do livro, as caracteristicas do estilo do escritor e sobre o romance em si.
Terminando, coroamos a noite literaria com um delicioso lanche e cantamos o "Parabens " para Sueli, a aniversariante do mes.
No dia 4/8/2016, compareceram:
Maria José, Anna Cristina, Bia, Vera, Anabranda, Maria Célia, Andyara, Teresa, Advany, Suely, Masumi, Andréia....e a mais nova integrante da nossa Sociedade Literária, Flávia.
Andyara deu início à votação do segundo turno, lendo os resumos de "A Balada de Adam Henry" e de "Como eu era antes de voce ".
Ganhou " A Balada de Adam Henry" , quase por unanimidade.
A proxima reunião ficou marcada para o dia 01 de setembro.
Em seguida, Teresa Lirio falou sobre inovações a serem feitas no blog e , para tanto, convidou todas as meninas para uma reunião neste sabado, 06/08, no Iate, às 12.15, em local a ser confirmado.
Iniciando a reunião sobre o livro de Rodrigo Lacerda, "Outra Vida",
Sueli falou sobre o autor, sua vida e obras.
Neto de Carlos Lacerda, recebeu tres Jabutis por seus livros.
A projeção de fotos da vida do escritor não pode ser feita porque o laptop não era compativel.
Em seguida, Masumi falou sobre os personagens do livro, as caracteristicas do estilo do escritor e sobre o romance em si.
Terminando, coroamos a noite literaria com um delicioso lanche e cantamos o "Parabens " para Sueli, a aniversariante do mes.
domingo, 17 de julho de 2016
Dois Irmãos - Apresentação de Vera Correa, Maria José e Andyara
1) Contribuição de Vera Correa:
DOIS IRMÃOS – Milton Hatoum
QUADRINHOS E LITERATURA
Dois eventos me chamaram atenção
para a versão quadrinizada do livro DOIS IRMĀOS. Primeiro, quando, na
preparação da lista de livros indicados, Andyara lincou a versão em quadrinhos,
que foi a primeira a aparecer na busca que fez pelo livro na internet; depois,
quando Leila encomendou seu volume à Amazon, e recebeu essa versão, sem que a
houvesse especificado.
Descobri então, um vasto universo, que pode receber
as denominações de ARTE SEQUENCIAL/NARRATIVA; FIGURADA/HISTÓRIA EM
QUADRINHOS/COMICS/MANGÁ/GIBI/BANDA DESENHADA/GRAPHIC NOVEL.
Para facilitar, vamos chamar
essas manifestações de HISTÓRIAS EM QUADRINHOS - HQ -, embora haja diferenças
entre elas. E depois vamos nos concentrar na GRAPHIC NOVEL, onde se encaixa o
livro DOIS IRMĀOS, na versão dos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, em cima do
texto de M Hatoum.
HQ é considerada a Nona Arte, depois do Cinema e da
Fotografia.
V. link abaixo.
HQ não é um gênero literário, é
um formato. V polêmica em link abaixo.
História das HQ remonta ao início do século XX. V. links
abaixo.
O formato HQ já é objeto de
estudos acadêmicos. A ECA-USP tem um núcleo de estudo de HQ e muitos estudiosos
do Brasil e do mundo produzem textos acadêmicos sobre o assunto. V link abaixo.
Enorme mercado, tanto em termos
de mão-de-obra quanto da produção de livros e revistas. Ainda gera eventos como
feiras, desfiles, competições. Os grandes expoentes são EUA, Japão e Brasil.
As HQ são publicadas por grandes
editoras específicas, como a Marvel, DC Comics, Conrad, Maurício de Souza, ou
por selos dentro de editoras, e ainda em edições independentes, através ou não
de financiamentos coletivos.
GRAPHIC NOVEL
O que nos interessa aqui. DOIS
IRMÃOS, dos gêmeos F Moon e G Bá, agraciado com o maior prêmio das HQ, o Will
Eisner Award, encaixa-se na classificação de GRAPHIC NOVEL.
Conceito: “A Graphic Novel ou, traduzindo para o português, o romance gráfico, é
uma história produzida em quadrinhos, estilo que por sua vez capta personagens
flagrados em atuações e atitudes preservadas por alguns momentos no que
habitualmente se define como quadros particulares dispostos sequencialmente.
Neles as falas são inseridas em balões de diálogo. Geralmente considera-se Graphic Novel uma história mais longa e
elaborada, semelhante às obras literárias compostas no gênero conhecido como
prosa. Embora os tradicionais gibis consumidos principalmente pelas crianças
sejam também insistentemente rotulados de histórias em quadrinhos, este formato
se caracteriza hoje por abrigar igualmente narrativas mais densas e complexas”.
http://www.infoescola.com/literatura/graphic-novel/
http://www.infoescola.com/literatura/graphic-novel/
Algumas das obras clássicas da literatura universal e
nacional já foram transpostas para o
formato graphic novel:
·
Ilíada, de Homero
·
Odisseia, de Homero
·
Divina Comédia, de D Alighieri.
·
Vários Shakespeare
·
Os Miseráveis, de V Hugo
·
Vários Machado de Assis
·
Guerra e Paz, de L Tolstoi
·
Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima
Barreto
O formato tem sido usado em
narrativas de cunho político: Joe Sacco (Gaza, Palestina, Sarajevo e Bósnia),
Art Spiegelman (Maus, nazismo) e Marjane Satrape (Persépolis).
Quadrinhos foram premiados em certames de literatura
(Pulitzer e outros), o que gerou enorme polêmica. V. link abaixo.
http://quadro-a-quadro.blog.br/por-que-quadrinho-e-a-nona-arte/
http://www.infoescola.com/literatura/graphic-novel/
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/historia-historia-quadrinhos.htm
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/História_em_quadrinhos_no_Brasil
http://www2.eca.usp.br/nonaarte/ojs/index.php/nonaarte/index
http://www.educacional.com.br/reportagens/gibis/brasil.asp
http://quadro-a-quadro.blog.br/por-que-quadrinho-e-a-nona-arte/
http://www.infoescola.com/literatura/graphic-novel/
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/historia-historia-quadrinhos.htm
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/História_em_quadrinhos_no_Brasil
http://www2.eca.usp.br/nonaarte/ojs/index.php/nonaarte/index
http://www.educacional.com.br/reportagens/gibis/brasil.asp
2) Contribuição de Andyara:
O AUTOR: MILTON HATOUM
Nasceu em 1952, em Manaus
(Amazonas), onde passou a infância e uma parte da juventude. Em 1967 mudou-se
para Brasília, onde estudou no Colégio de Aplicação da UnB. Morou durante a
década de 1970 em São Paulo, onde se diplomou em arquitetura na Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da USP, trabalhou como jornalista cultural e foi
professor universitário de História da Arquitetura.
Autor de quatro romances premiados, sua obra foi traduzida em doze
línguas e publicada em catorze países. Foi professor de literatura francesa da
Universidade Federal do Amazonas (1984-1999) e professor visitante da
Universidade da Califórnia (Berkeley/1996). Escritor residente na Yale
University (New Haven/EUA), Stanford University e na Universidade da Califórnia
(Berkeley). Em 1989, seu primeiro romance Relato de Um Certo Oriente, publicado
pela editora Companhia das Letras, ganhou o prêmio Jabuti de melhor romance. Em
2000 publicou o romance Dois irmãos (prêmio Jabuti – 3º lugar na categoria
romance/ indicado para o prêmio IMPAC-DUBLIN), eleito o melhor romance
brasileiro no período 1990-2005 em pesquisa feita pelos jornais Correio Braziliense
e O Estado de Minas. Desde 1998, mora em São Paulo, onde é colunista do Caderno
2 (O Estado de S. Paulo). Foi colunista dos extintos site Terra Magazine e da
Revista Entrelivros.
CONTEXTUALIZAÇÃO
O livro tem por cenários as
cidades de Manaus e seu entorno; São Paulo no Brasil; e uma aldeia no Líbano. O
contexto histórico é compreendido entre as décadas 1910 a 1964. Descreve a vida
na cidade de Manaus com a desordem de sua cultura e natureza, em detrimento a
modernidade desenfreada, notadamente, após o golpe militar de 1964, com a zona
franca, a vinda de novos imigrantes e homens de negócios. O leitor faz uma
verdadeira imersão no mundo amazônico: os nomes indígenas dos rios, os mitos
criados e repassados pelos ribeirinhos representados pelo boto, os costumes do
povo, pelas pescarias e venda de peixe. As temáticas regionais vão sendo
relacionadas num ambiente propício à disseminação da cultura já tão dizimada
pelo processo de colonização.
ESPAÇO
MANAUS: Via um outro mundo
naqueles recantos, a cidade que não vemos, ou não queremos ver. Um mundo escondido…
(HATOUM, 2000, p. 59.)
FÍSICO: Problematiza as
transformações ocorridas em Manaus, não somente retratando como também
denunciando a falta de cuidado do governo com o desenvolvimento desenfreado,
sem considerar as populações tradicionais, a destruição da fauna e flora.
RELIGIOSO: As demonstrações de fé e
muitas vezes de fanatismo religioso fica por conta de Zana, a patroa, e
Domingas, a empregada.
POLÍTICO E
IDEOLÓGICO: Nael foi a fronteira entre dois mundos: estrangeiros desterrados e os
autóctones com suas identidades “apagadas” .
CULTURAL: A cidade dos imigrantes –
libaneses, portugueses, franceses, alemães−, dos indígenas, dos brasileiros de
diferentes origens.
Ref.: Oliveira, M. R. B. de. Uma análise do espaço
romanesco em Dois Irmãos, de Milton Hatoum. Dissertação, UFRO, 2013.
COMUNIDADE LIBANESA NO BRASIL
Existem 10 milhões de libaneses e
descendentes no Brasil, contra 3,5 milhões que vivem no Líbano. Em 1880,
primeira grande leva de libaneses cristãos, fugindo do Império Otomano, Estado
de maioria muçulmana que dominava todo o Oriente Médio e era controlado pela etnia
turca. A imigração de libaneses para o Brasil foi incentivada, também, por D.
Pedro II, Imperador do Brasil, admirador da cultura árabe, quando em visita ao Líbano.
Como os libaneses chegavam com o passaporte otomano, eram chamados de
"turcos", denominação aplicada até hoje aos árabes e seus
descendentes em parte do Brasil.
3) Contribuição de Maria José:
PERSONAGENS
·
NAEL
– narrador da história, seu nome é revelado apenas na metade do livro. É filho
da índia Domingas, empregada da casa, com um dos gêmeos. De sua posição de
agregado, ao mesmo tempo secundária e privilegiada, transmite os acontecimentos
ao leitor.
·
OMAR
– um dos gêmeos. Por ter sido o segundo a nascer, é chamado pelo narrador de
Caçula. Sua relação muito estreita com a mãe sugere o incesto. Indisciplinado e
intempestivo é capaz de ações inesperadas e corajosas.
·
YAQUB
– o irmão gêmeo de Omar. Introvertido e dedicado aos estudos, revela-se na
juventude um grande conquistador. Parece sofrer com a preferência da mãe pelo
irmão.
·
ZANA
– mãe dos gêmeos e de Rânia. Mulher bela e de temperamento forte, é apaixonada
por Omar.
·
HALIM
– marido de Zana, apreciador dos prazeres da vida e nostálgico, mas também
forte e corajoso. O tempo parece não influenciar a intensidade do amor que
sente pela mulher.
·
RÂNIA
– irmã mais nova dos gêmeos decide não se casar e dedicar-se inteiramente ao
comércio.
·
DOMINGAS
– índia que Halim e Zana haviam tirado de um orfanato ainda criança, é
empregada da família e mãe de Nael.
FOCO NARRATIVO
CASA DEMOLIDA - O tema principal do romance é o drama familiar
demolindo as vidas e, por consequência, o lar. O enredo é centrado na história
de dois irmãos gêmeos -Yaqub e Omar - e suas relações com a mãe, o pai e a
irmã. Moram na mesma casa Domingas, empregada da família, e o filho dela (que,
mais tarde, se descobre ser o narrador), um menino cuja infância é moldada
justamente por esta condição: ser o filho da empregada.
AMOR INCESTUOSO - Apesar de não estar escrito com todas as letras,
deduz-se que o amor doentio da mãe (Zana) pelo filho mais novo (Omar) tem muito
de incesto: ela o quer só para si, ignorando, a partir de certo momento, a
relação com o próprio marido. Na mesma linha, classifica-se o amor de Rânia
pelos irmãos gêmeos. Mas não se pode esquecer que a relação sexual entre Rânia
e Nael também é um incesto, uma vez que ela pode ser a tia dele, já que se
desconfia que ele seja filho de um dos gêmeos.
VOCABULÁRIO
·
Manauara
– referente à Manaus (nascido em Manaus)
·
Cunhatã
- termo indígena para o diminutivo de mulher.
·
Arak
– bebida alcoólica de origem árabe, destilada da tâmara ou uva, aromatizada com
anis dentre outras especiarias. Parecida com licor e consumida após as
refeições.
·
Narguilé
– cachimbo de água utilizada para fumar.
·
Maná
– o livro bíblico de Êxodo o descreve como um alimento produzido
milagrosamente, sendo fornecido por Deus ao povo hebreu, liberado por Moisés,
durante sua estada no deserto rumo à terra prometida.
·
Gazais
– gênero de poesia amorosa árabe, cuja tradução é "conversando com as
mulheres".
·
Paxá –
denominação dada entre os turcos, aos títulos dos governadores de províncias do
Império Otomano.
·
Sufi
– termo árabe, que se refere aos praticantes de uma corrente mística e
contemplativa do Islã, onde se procura uma conexão direta com Deus através dos
Cânticos.
·
Ramêni
– órgão genital masculino, em árabe.
·
Curumim
– palavra de origem tupi que designa as crianças indígenas
·
Nheengatu
– também conhecido como nhengatu,
língua geral da Amazônia, ou ainda pelo nome latino língua brasílica, é uma
língua do Tronco tupi, da família Tupi-Guarani. É a língua materna de parte da
população cabocla do interior amazônico, além de manter o caráter de língua de
comunicação entre índios e não índios, ou entre índios de diferentes línguas.
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