sábado, 12 de julho de 2014

GloboNews Literatura

DICA PARA NÓS, LEITORAS: o site e o programa GloboNews Literatura.
O site:  http://g1.globo.com/globo-news/literatura/platb/ , com enquetes, matérias sobre livros/filmes, escritores/gastronomia, indicação de livros e autores, debates etc.
Já os programas no canal 40 são apresentados e reapresentados: terças às 15:30h; quartas às 5:05h; sextas às 21:30h e sábados às 1:30h, 8:30 e 16:30h.
Bom proveito!

quinta-feira, 3 de julho de 2014

MADRUGADA SUJA

PRÓXIMO LIVRO:  MADRUGADA SUJA
AUTOR: MIGUEL DE SOUSA TAVARES
DIA: 07/08/2014
LOCAL: IATE CLUBE 
APRESENTADORAS:REGINA E VERA
                         

quarta-feira, 2 de julho de 2014

O SARI VERMELHO PRIMEIRA PARTE - APRESENTADO POR KARLA

Javier Rafael Moro Lapierre
Biografia
Filho de pai espanhol, Julio Moro, e de mãe francesa, Bernadette Lapièrre, nasceu em Madri a 11 de fevereiro de 1955. Estudou no Liceu Frances de Madri. Desde muito jovem viajou com a família pois seu pai era executivo da TWA e sua mãe trabalhava no Castellana Hilton, o que lhes dava passagens aéreas e descontos em hotéis, a países de África, Asia y América. Essas viagens em família em que descobrem o mundo, constituem suas melhores recordações da infância e deixam marcas que, mais tarde, aparecerão em seus livros.
Entre 1973 e 1978 estuda Historia e Antropología na Universidade de Jussieu em Paris. Suas influencias são novelistas como Flaubert, Stendhal, Balzac, Zola, Conrad e Jack London.
Colaborador assíduo nos meios de imprensa estrangeiros e nacionais, trabalhou como investigador em vários livros  de Dominique Lapièrre, seu tio, e Larry Collins, co-produzindo filmes como Valentina e 1919: Crónica do amanhecer, ambos baseados na obra de Ramón J. Sender.
Para escrever seu primeiro romance, Caminhos da Liberdade/ Senderos de libertad (1992), "viajou durante tres anos pela Amazonia em avião, barco, canoa, carro, e a pé para reconstruir a história de Chico Mendes, um humilde seringueiro que se converteu no símbolo internacional da defesa do meio ambiente. Seu segundo romance, O Pé de Jaipur/El pie de Jaipur, apareceu três anos mais tarde (1995) e é a primeira a ser ambientada, ao menos em parte, na Ásia: trata de um jovem estudante francês gravemente ferido e de um cambodjano sobrevivente da época dos gemeres vermelhos que se conhecem na clínica onde estão internados, e se unem para enfrentar a adversidade e a lutar pela vida. A escritora e jornalista Maruja Torres diz que esta obra deveria ser lida por todos porque se trata de superação, do que fazemos na adversidade.
Se seguiram outros quatro livros que se passam na Ásia: As montanhas de Buda/Las montañas de Buda (1998) que se passa no Tíbet; Era meia noite em Bhopal/Era medianoche en Bhopal (2001), escrito com Dominique Lapierre, que trata do desastre de Bhopal, a catástrofe química ocorrida na Índia a 3 de dezembro de 1984), que lhe valeu o Christopher Award em 2003; Paixão Índia/Pasión india (2005), história de amor e traição entre a cantora espanhola Anita Delgado e o marajá de Kapurtala, Jagatjit Singh; e, O Sari Vermelho/ El sari rojo (2008), que, segundo foi explicado por Moro, “é a história dramatizada da familia Gandhi através dos olhos de Sonia. A obra causou escandalo e irritação na India: "se queimaram exemplares do libro e retratos" de Moro. Os advogados de Sonia ameaçaram levá-lo a justiça e, com isso, afugentaram as editoras menos a Roli Books, cuja diretora disse que a obra é 100% fiel e vai publica-la da maneira em que foi escrita. Ela acha que o povo deve saber as dificuldades que Sonia passou até chegar onde está. Os Advogados e o Partido do Congresso argumentam que, o que é natural no ocidente como o fato da Sonia ter trabalhado em bares e ser de família humilde e estrangeira, não é bem visto na Índia, e que as intimidades da família Nehru-Gandhi não devem ser expostas para não dar munição aos oposicionistas, que são muitos. Eles dizem que “não se pode fazer ficção sobre uma pessoa viva”.
Seu sétimo livro, O Império é Voce/El imperio eres tú (2011), volta a ser ambientado na América do Sul, trata sobre a vida do imperador Pedro I do Brasil, que também foi, por um breve período, rei de Portugal. O romance ganhou o Premio Planeta na Espanha em 2011, e o prêmio de um dos melhores romances estrangeiros na China. Nesse livro ele escreve que Napoleão diz que “D. João foi o único a enganá-lo”, e que D. João fala D. Pedro: “podes amar como um homem mas deves se casar como um príncipe”. Javier esteve na Bienal do Livro no Brasil em 2013. Seu próximo livro será sobre a Espanha.
Seus romances tem tido grande aceitação de crítica e público e já foram traduzidos em 15 idiomas com tiragem de mais de 300 mil exemplares. 
Javier Moro é patrono da Fundação "Ciudad de la Alegría".
Em entrevista disse que, para ele, viajar é uma necessidade vital, uma terapia, pois limpa a mente e o obriga a adaptar-se a circunstancias novas. Ele reconhece que não pesquisa sobre o lugar de destino para não diminuir a curiosidade e a vontade de ir, e ele gosta de repetir os lugares que vai para ter diferentes perspectivas. Lugares especiais ele considera Ibiza, Kerala, Cidade do Cabo, Salvador e Tailandia. Ele acha que tudo é apaixonaste na India principalmente seu povo, curioso e aberto, mas lhe impressiona a indiferença dos governantes ante a pobreza e a desigualdade. Quando perguntado se o livro Sari Vermelho é um conto de fadas, ele diz que toda historia de amor tem algo de conto de fadas mas que ela teve uma vida muito dura na India, tanto na sua adaptação quanto depois da morte do marido. Ele diz que esse livro tem algo de épico porque todas as decisões que os personagens tomam, afetam um sexto da população mundial. É uma história real, dramatizada. O lado pitoresco foi ver um condutor em cima de um elefante parado no sinal de transito e falando ao celular. A visão que ficou da Índia, é de uma nação sempre a beira do abismo, e de uma família sobre quem recai o peso de unificar o país. E ele finaliza dizendo que esse livro é um retrato da Índia desde a independência, através da história da família Gandhi-Nehru. Uma tragédia grega pois eles não escolheram (?) essa vida, a vida os escolheu.
Javier Moro, entrevista online ao El Mundo a 8 de junho de 2010. (em espanhol)
1. Hola, Javier. Tu libro es toda una obra de ficción. En los últimos años los maoístas se han expandido por toda la India. ¿Por dónde crees que el Gobierno debería abordar este problema para solucionarlo?
El sari rojo es una obra de ficción basada en hechos reales. El avance de los maoístas se debe al fallo del Estado, un Estado que abandona a sus ciudadanos. Hace unas semanas la prensa india hablaba de una población que chupaba caliza porque no tenían nada para comer. La sentencia de Bhopal de ayer es otro ejemplo de como el Estado indio falla a sus ciudadanos.
2. En primer lugar, gracias por enseñarnos a los más jóvenes lo que sucedió en Bhupal, ya que por edad no lo vivimos. ¿Está usted satisfecho con la sentencia?
No, es una verguenza. Los verdaderos culpables, los ejecutivos de la multinacional, se han ido de rositas. Ni siquiera la sentencia obliga a que limpien todo lo que han contaminado. Los pobres de Bhopal tendran que seguir luchando.
3. Buenas tardes Javier. Acabo de terminar “El Sari Rojo” y la verdad es que me ha fascinado. No entiendo cómo pueden argumentar que es difamatorio cuando el sentimiento que despierta, al menos en mi, es el de admiración hacia la figura de Sonia Ghandi. Pensaba que era una biografía real, ¿es así o es una “biografía ficticia” como aparece el artículo de El Mundo de hoy? Muchas gracias por tus maravillosas novelas.
Es la historia dramatizada de la familia Gandhi a traves de los ojos de Sonia. Está basada en una investigación exhaustiva con entrevistas a amigos, gente que trabajo para los Nehru, vecinos etc... y en los libros y los artículos publicados sobre ellos. Es ficción porque los diálogos, por ejemplo, los he reconstruido. Obviamente, no estaba alí, pero siempre los he escrito en base a una documentación previamente conseguida. Sonia Gandhi es un personaje publico, mal que le pese, y todo el mundo esta en el derecho de escribir sobre los personajes públicos, siempre que no haya difamación. Pero ella no lo acepta.
4. Javier, lo primero darte la enhorabuena por tus libros. Me he leído todos. El que más me ha gustado Pasión India, ¿para cuándo el próximo libro?
Gracias por el animo! Voy por la pagina 80 de mi próximo libro, así que dentro de un año saldrá, si Sonia Gandhi no manda un comando para acabar conmigo!
5. El retrato que perfila sobre Sonia Gandhi es benevolente y muy comedido, y sólo transluce amor por la India. Qué opina que hay realmente detrás de esta protesta?
Nada racional. Estamos en el terreno de lo religioso, de lo mitológico. Han percibido que mi libro destruia el mito por el simple hecho de hablar de ella como de una persona normal: su infancia, sus estudios, sus primeros trabajos etc... No pueden con ello. Necesitan a una diosa, y es asi como la ven. El abogado de Sonia ha utilizado la palabra diablo para referirse a mi. O sea, que se trata de 'el diablo contra la diosa'... Es la India arcaica de siempre!
6. Hola Javier ¿Te pusistes en contacto con Sonia Ghandi antes de publicar el libro? ¿Sabía ella que lo estabas escribiendo?
Intenté ponerme en contacto muchas veces, pero siempre lo rechazó. A lo largo de los 3 años que duró la investigación, ella sabia que estaba escribiendo el libro. Cuando hube acabado el manuscrito, quise darle una copia para evitar precisamente lo que esta sucediendo ahora, pero ni siquiera me contestó. Intenté darselo a su hermana que habla bien español, y me hizo saber que no estaba interesada en leer el libro. ¡Y ahora protestan!
7. Estimado Javier, en primer lugar me gustaría darle la enhorabuena por su trayectoria y las gracias por sus obras. Mi pregunta está relacionada con la situación actual de India. Dada su experiencia sobre el terreno, ¿cree que India está en este momento mejor o peor en cuanto a la defensa de derechos humanos que hace 10 años? ¿Cree que la sociedad de castas finalizará alguna vez? Saludos y gracias de nuevo.
Es preocupante que el censo haya vuelto a poner, después del nombre y la dirección, la palabra 'casta'. Es anti-constitucional, pero el Partido del Congreso dice que es para la discriminación positiva. Eso, mas lo que esta pasando con películas y con mi libro, hacen pensar que la libertad de expresión esta cercenada y la democracia mas débil de lo que se pensaba
8. ¿Cree que hay posibilidades de que la política dinástica continúe en la India en las figuras de Rahul y Priyanka Gandhi? ¿Tiene usted detalles sobre una supuesta novia española de Rahul Gandhi?
La novia de Rahul según me consta, se llamaba Veronica, y era una arquitecto que vivía en Barcelona. También me consta que ya no están juntos. Es muy probable que el próximo primer ministro de la India sea Rahul Gandhi.
9. Por que ha tardado tanto (3 años) en publicarse su Obra "El Sari rojo" en la India y cree que las protestas impedirán que no se publique su obra alí?
No sé si se acabará publicando. La India es un mercado mas, y no el mas importante. Parta mi, es mas importante que se publique en Japon o en Alemania. Lo curioso es que El sari rojo se ha convertido sin quererlo en un testo sobre el funcionamiento de la libertad de expresión en la India.
10. Hola Javier, felicidades por tu obra, ¿Que opinas acerca de la poca solidaridad del pueblo indio hacia sus propios habitantes? Gracias
No diria que hay poca solidaridad del pueblo indio hacia los suyos. Hay poca o nula solidaridad de las elites indias con el pueblo. No es exactamente igual.
11. ¿Tiene ganas de volver a la India?
Siempre. Y volveré en cuanto escampe el temporal.
12. ¿Le preocupa que los que han quemado su foto le persigan como a Salman Rushdie?
Francamente, no. Los que lo han hecho han sido manipulados por algún alto directivo del Partido del Congreso. No ha sido algo espontaneo porque nadie ha leido el libro todavia. Es pura histeria. Ya se calmaran.
13. Jaipur, Bhopal, Kapurtala, Gandhi...¿Qué sabor de boca le deja la India?
En este momento, agridulce. Me conmueve el pueblo de la India, los pobres de Bhopal, los campesinos... Me produce estupor ver como los pudientes son incapaces de ver la miseria que les rodea, como tratan a sus criados, como viven encerrado en un muro de soberbia.
14. ¿Qué pasaría si reuniera a los protagonistas de todos sus libros? ¿Qué se dirían?
Esa es una buena pregunta. Chico Mendes invitaría a Gandhi a tomarse una cachaça, y quizás Sonia Gandhi tendría una relación con el Dalai Lama, no sé...
15. ¿Cuál de sus libros ha levantado más ampollas? ¿El de Chico Mendes, Las Montañas de Buda, El pié de Jaipur, Pasión India....el Sari Rojo ahora...?
Cuando se escribe sobre personas vivas, siempre hay problemas. Lenin dijo: "Nada hiere tanto como la verdad". Y la verdad es subjetiva y esta sujeta a diversas interpretaciones. ¿Estaba la Reina de Inglaterra de acuerdo con la pelicula The Queen, que realizo Stephen Frears? Probablemente, no, pero la aceptó con elegancia.
16. Querido Moro ¿Alguna vez imaginaste que Ms. Gandhi reaccionaría así ante el libro? ¿Has aprendido algo de todo este embrollo? Gracias
Nunca pensé que reaccionaria de una manera tan tajante, y tan boba, porque si es verdad que no le gusta que se hable de ella, su abogado ha hecho todo lo posible para que estalle este estupido escandalo. La razon no me da para entender lo que se ha montado sobre un libro que ni siquiera esta en las librerias en la India.
17. ¡Hola Sr. Moro! En los reportajes que he podido leer de este periódico y otros se dice que muchas de las críticas a su último libro "El sari rojo" venían porque pensaban que el relato sobre la historia de la Sra. Gandhi difamaba la realidad y a su "diosa", mientras que a su vez he leído en su defensa que era un "relato novelado", con lo que no tiene por qué corresponderse con la pura realidad. Y finalmente en sitios en donde se venden ejemplares de su libro he visto reseñas que la tildan de "...la historia verídica de la vida de Sonia Maino". Así pues, como lector, ¿debo interpretar la obra como un relato novelado o como una historia verídica? Muchas Gracias y Enhorabuena.
Digamos que es una historia dramatizada, o ficcionalizada, de los Gandhi. Es un genero que se viene haciendo desde que existe la literatura, pero obviamente el abogado de Sonia Gandhi lee poca literatura.
18. ¿Existe una libertad de expresión verdadera en la India?
Si no tocas a la 'familia real', es decir a los Gandhi, si, hay gran libertad de prensa.
19. Qué pasó con la adaptación cinematográfica de Anita Delgado???? Durante mucho tiempo se habló de que Penélope Cruz iba a protagonizar una película sobre su libro...
Está en manos del director indio Shekar Kapur. No se mas por ahora.
20. Hola Javier, la semana pasada fue mi cumpleaños, y me regalaron Pasión India, porque llevaba mucho tiempo detrás de ese libro, he empezado a leerlo y he de decirte que me apasiona, enhorabuena, eres un magnifico escritor. Ya tengo el Sari Rojo esperandome, me lo han recomendado. Por otro lado preguntarte que sientes ante tanto alboroto¿? ¿te podias imaginar que llegara a pasar esto? Un abrazo muy fuerte
Estoy perplejo. Si he escrito un libro donde pongo a la protagonista muy bien, ¿que hubiera pasado si la hubiera puesto mal? Me da pena porque la India me gusta, y tengo amigos allí que también perplejos. Me da pena ver como los herederos de Nehru, que abogo toda su vida por la tolerancia, permiten que quemen libros en las calles de Nueva Delhi...
21. ¿Considera el problema de Sonia Gandhi con su libro un problema personal o político? O quizá ella no tenga problema....¿Cree que lo leerá en la intimidad mientras cena un plato de pasta viendo la Rai?
Creo que es personal y politico. A ella nunca le ha gustado la publicidad, ni que se hable de ella. Me consta que cena pasta en el restaurante La piazza del hotel Hyatt, porque la he visto alí con su familia. Y tampoco me extrañaria que viese la RAI, aunque por decir eso, sus abogados intentarian condenarme por mentiroso y difamatorio... Y no digamos si le da al limoncello!!
22. ¿Qué le díría usted a Sonia Gandhi si se la encontrara en otro cocktail?
La única vez que me la encontré, le dije: Señora, llevo tres años viviendo con usted porque era verdad, habia estado tres años pensando en ella dia y noche para escribir el libro, y se echó a reir. Ahora le diria que llevo tres meses teniendo pesadillas...
23. Estimado Sr. Moro, espero que llegue pronto a los lectores su próximo libro. Respecto a "El Sari Rojo" ¿Ha recibido propuestas para llevarlo a la gran pantalla?
Si, de un productor italiano y de una productora alemana de TV.
24. Si finalmente el libro se publica en la India ¿Irá usted de promoción?
Con escolta.
25. Buenas tardes, Javier. ¿Cree qué finalmente saldrá beneficiado internacionalmente con la publicidad de estos días de su libro? su labor de investigación es importante y sobre todo opino que es un buen conocedor del país. Ánimo y ¡viva la libertad de expresión para la evolución!.
Posiblemente si. El abogado de Sonia Gandhi ha conseguido lo que no querian los Gandhi: que se hable del libro. ¿Alguien puede aconsejarla que cambie de abogado?
26. ¿cual de tus 6 libros, Senderos de Libertad, Pie de Jaipur, Las Montañas de Buda, Era Medianoche en Bhopal, Pasion India, El Sari Rojo, es el que mas te a costado hacer?
El primero, porque no sabes muy bien dondes pisas, y todo son dudas. Luego el de Bhopal, porque era un tema muy difícil de investigar y aun mas difícil de escribir. El desafio era: como hacer interesante la historia de una fabrica química. Nada fácil.
Despedida:
“Muito obrigado pelo seu apoio e interesse. Quando me queimarem vivo, espero que traga um extintor para apagar as chamas…” JM
fontes: wikipédia, elmundo.es e javiermoro.com



terça-feira, 1 de julho de 2014

O SARI VERMELHO SEGUNDA PARTE - APRESENTADO POR ROSETE

O SARI VERMELHO- TERCEIRA PARTE - APRESENTADO POR MÁRIO C.

“Livros e Raquetes”: o livro “Sári Vermelho” de Javier Moro

A minha participação neste encontro é para abordar alguns aspectos políticos, sociais e militares da Índia. A leitura do Sári Vermelho atiça a nossa curiosidade para sabermos um pouco mais de sua história e das dificuldades que a Índia enfrentou e ainda enfrenta nos dias atuais.
A Índia
A maior democracia do mundo com mais de 1,2 bilhões de habitantes, a Índia é uma República Federal, constitucional e de regime parlamentarista.
Está situada ao sul do continente asiático no chamado Subcontinente Indiano. É o sétimo país em extensão. Sua capital é Nova Deli e suas línguas oficiais são o híndi e o inglês.
Faz fronteiras com o Paquistão a oeste; com a China, Nepal e Butão ao norte; Miamar e Blangladesh a leste e com Sri Lanka e Maldivas ao sul, no oceânico Índico.
A Formação da Nacionalidade, a Religião e o Sistema de Castas
A história indiana é milenar. Nasceu com a mudança para a vida sedentária dos habitantes do vale do rio Indu a partir de 3300 aC. Formaram o primeiro núcleo urbano.
Entre os anos 1500 e 500 aC surgem os textos Vedas que vão servir de base ao extenso sistema de escrituras sagradas do hinduísmo e pautar o comportamento indiano. Os preceitos religiosos do Vedismo deram origem às religiões hinduísta, budista, jainista, sikhista, entre outras, e à instituição do Sistema de Castas. A sociedade se dividia em quatro classes principais e os intocáveis:
- Brâmanes: os sacerdotes e os letrados a quem cabiam as orientações espirituais e intelectuais;
- Xátrias: os guerreiros e governantes, responsáveis pela condução política e militar;
- Vaixas: os camponeses e comerciantes. Aqueles que conduziam as atividades econômicas;
- Sudras: casta inferior constituídas por servos, braçais e escravos que realizavam as atividades de manutenção da sociedade.
Os intocáveis, os Dalits, eram os párias, renegados, que não pertenciam a nenhuma classe social. Eram considerados indignos e a eles cabiam as tarefas desprezadas pelas castas.
Esse sistema, banido pela Constituição da Índia de 1950, ainda é hoje praticado por razões culturais e religiosas e influencia o atual estado político/sócio/econômico do País.
O Império Mauria, de 300 a 200 aC, foi o primeiro império a unificar toda a Índia. Com a sua decadência iniciam-se as rotas de comercialização (200 aC a 200 dC) ligando-a a Europa pelos continentes. Estes foram os primórdios das Grandes Navegações entre o Oriente e Ocidente. Desenvolvidas na Idade Média, com a chegada da Idade Moderna possibilitaram os Grandes Descobrimentos incluindo o das Américas.
Como importante entreposto comercial a Índia esteve sob o domínio português de 1512 a 1603.
Foi incorporada pela Companhia Britânica das Índias Orientais no século XVIII (1756/1857) e a partir do século XIX (1857/1947) a Coroa Britânica dissolve a Companhia e assume o governo direto da Índia.
Luta pela Independência ou contra a ocupação inglesa
A existência de etnias, religiões e culturas diferentes produziram uma nação complexa e de difícil administração.
Podemos dizer que a história recente da Índia tem seu início com os primeiros movimentos pela sua independência organizados em Bengala e com o recém-criado Partido do Congresso Nacional Indiano (1885) de maioria esmagadora hindu a representá-los. Em contraposição foi criada a Liga Muçulmana (1906), que se precavia ante uma liderança do movimento exclusivamente hindu que poderia prejudicá-los na formação do pretenso novo governo. Convém destacar que havia um objetivo comum às duas organizações: a independência da Índia.
A partir da década de 20, com o retorno de Mohandas Karamchand Gandhi à India, o movimento para a independência se intensifica com o apoio do Partido do Congresso. É adotada a luta de não violência e de resistência civil pacífica capitaneada por Mohandas K Gandhi, o Mahatma Gandhi, e secundada por Jawaharlal Nehru.  
Como sabemos, Jawaharlal Nehru vem a ser o pai de Indira Ghandi, sogra de Sônia, personagem principal do “Sári Vermelho”. Filho de um rico advogado e político indiano, Motilal Nehru, Nehru tornou-se um líder da ala esquerdista do Partido do Congresso Nacional Indiano, quando ainda era bastante jovem influenciado por sua formação intelectual em Londres e, principalmente, pela militânica no movimento pela independência liderado pelo carismático Mahatma Gandhi. 
Durante a II Guerra Mundial, 1938 a 1945, a Inglaterra já se encontrava em situação delicada na manutenção de seu Império Indiano. A luta social se tornava intensa e fatalmente desfavorável. Os britânicos, esperando contar com o efetivo militar considerável que a Índia dispunha, acenou com a concordância de sua independência em troca de sua participação na guerra. Em que pese o pensamento contrário da liderança do movimento da desobediência civil, Gandhi e Nehru, a Índia participou com um grande efetivo a favor dos aliados (mais de 2,5 milhões de combatentes).
Os muçulmanos constituíam a minoria de maior representatividade da nação. Um de seus principais líderes, Muhammad Ali Jinnah, lutava pelos direitos das minorias participando das campanhas de Mahatma Gandhi mas deixando clara a sua intenção de constituírem governos autônomos após a independência.
Finalmente a 15 de agosto de 1947 foram concedidas as independências da Índia e do Paquistão passando a fazer parte da Comunidade Britânica. Foi a chamada “partição” da Índia que reflete até hoje no relacionamento entre os dois países.
Jinnah tornou-se o primeiro mandatário do Paquistão e Jawaharlal Nehru foi o primeiro primeiro-ministro da Índia e governou de 1947 a 1964.
Alguns tópicos que marcaram ou ainda marcam a política interna e externa da Índia.
Questão Interna, Episódios de Gujarat
O Governo da República da Índia é laico. 75% da população professa o Induísmo e 15% o Islamismo (seus seguidores são os muçulmanos). O restante se divide entre as outras religiões.
Firmemente influenciadas por lideranças religiosas, cada uma acaba por levar a extremismos a atuação de parcela de seus seguidores. Enquanto o islamismo tem o seu livro sagrado “Al Corão”, Alah o seu único Deus e Maomé o seu profeta, o hinduísmo cultua outras divindades e até a natureza, os valores e as crenças dos diversos povos de sua formação. Este fator, por si só, é motivo suficiente para o desentendimento.
O surgimento do Partido do Povo Indiano (Bharatiya Janata Party), na década de 80, aglutinou a direita hindu e projetou o seu líder político Narendra Modi no cenário nacional. O confronto étnico/religioso ocorrido em 2002 no Estado de Gujarat, fartamente contado no Sári Vermelho, justifica a tensão existente na região. Modi era o governador do Estado e teria se omitido nada fazendo para evitar os massacres.
Questão Bangladesh
O Paquistão era um País descontínuo, dividido em duas partes. Paquistão Ocidental e Paquistão Oriental. Professam a mesma religião islâmica mas tem cultura, economia e até o aspecto físico diferentes.
O Paquistão Oriental, fruto da “partição”, sempre se identificou com o vizinho estado de Bengala da República da Índia. Formavam uma mesma “Nação Bengali” apesar de predominarem religiões distintas em cada região, hinduísmo e islamismo.
Em 1971, após rebeliões na parte oriental na busca de sua independência, o Paquistão Ocidental declarou guerra ao Oriental que contava com a simpatia e apoio da Índia. Pela fronteira entre a Índia e o Paquistão Oriental milhões de paquistaneses buscaram abrigo. A Primeira Ministra à época, Indira Gandhi, decidiu pela guerra contra o Paquistão Ocidental dando pleno apoio ao vizinho em dificuldades. A Índia saiu vencedora e o Paquistão Oriental ganhou sua independência passando a se chamar República Popular de Bangladesh. Neste episódio enquanto os EUA apoiaram politicamente o Paquistão a URSS se posicionou favorável à Índia.

Questao da Caxemira
Por motivações semelhantes à Questão de Bangladesh, a Índia e o Paquistão diversas vezes disputaram o controle da Caxemira. Mais uma vez o fator preponderante foi o religioso. É claro que não podemos desprezar o aspecto geopolítico daquela área. Desde o final do processo de independência, a Índia, de maioria hindu e Paquistão, de maioria muçulmana disputaram a região que é de maioria muçulmana.
Para a Índia a Caxemira a ela pertence pelo acordo feito pelo Marajá Hari Singh, o Primeiro-ministro  Jawaharlal Nehru e o Vice-rei Lord Mountbatten, segundo o qual o antigo Principado de Jammu e a Caxemira tornavam-se partes integrantes da União da Índia através do instrumento de adesão. Também alega que a religião não é um fator importante na governança política de um país laico. Dá como exemplo a sua própria administração composta por membros de diversas religiões: católica, muçulmana, sikh e hindu. A família Nehru é oriunda da Caxemira.
Para o Paquistão a Caxemira deve fazer parte de seu País por que: a maioria de seus habitantes é muçulmana; o Marajá Singh não era um líder popular (era considerado como um tirano pela maioria dos caxemires); a insurreição popular demonstra que o povo da Caxemira não quer mais permanecer como parte da Índia.
À época o mundo vivia a dicotomia da Guerra Fria instituída no pós-guerra.
A Índia, de governo centro-esquerda, contava com a simpatia da União Soviética. Do outro lado os Estados Unidos tinham no Paquistão um aliado importante na área. Para as duas grandes potências o controle da Caxemira representava muito mais. Representava uma fronteira estratégica com a China.
.Até hoje a Questão da Caxemira não está resolvida. A Índia detém 47% de sua área, Paquistão 37% e a China 20%. Um detalhe importante: essas nações são potências nucleares!
A Política Externa da Índia em relação aos Estados Unidos foi sempre cautelosa não só por causa da Questão da Caxemira e Bangladesh, mas também pelo posicionamento do Partido do Congresso em diversas ocasiões.
Em 2008 a Índia e os Estados Unidos assinaram um Pacto Nuclear com o objetivo de ampliar a cooperação no desenvolvimento da tecnologia nuclear e aumentar os esforços pela não proliferação de armas nucleares.
A Índia de hoje
Provável oitavo PIB mundial em 2014 (Brasil estaria em quinto) a Índia teve, a partir de 1991, uma das maiores taxas de crescimento do mundo a despeito de suas numerosas dificuldades internas.
Como acompanhamos na leitura do Sári Vermelho, muitos foram os esforços para levar o País ao desenvolvimento. Foram felizes em priorizar o emprego da tecnologia e no preparo de quadros, mas as dificuldades advindas de sua formação multiétnica e arraigada presença religiosa criam uma barreira quase que intransponível à quebra dos paradigmas necessários à implantação de uma política econômica moderna.
A taxa de analfabetismo beira os 25%. A favelização cresce. A distribuição de renda é desigual. O culto religioso exacerbado produz conflitos sociais intensos.
Já vimos o Sistemas de Castas anteriormente. A consequência inevitável é a perpetuação do poder principalmente quando se trata de regiões longínquas, atrasadas e dominadas por uma cultura praticamente tribal. Assim, os representantes na dita democracia se perpetuam dando continuidade aos interesses da classe dominante.
Vimos isso claramente no livro. Até mesmo no interior da casa da família Nehru-Gandhi a cultura de castas é preservada em nome da política e, bem sabemos, o Sistema de Castas foi banido pela Constituição da Índia em 1950.
Também vimos que a corrupção se manifesta de diversas maneiras. Foram constantes as acusações da oposição como também é inegável o sistema patrimonialista da utilização do governo no atendimento aos interesses políticos e eleitoreiros. Exemplo maior é o de Sanjay. A cegueira de Indira diante da atuação de seu filho é algo impressionante.
Episódios de intolerância ainda são comuns na Índia de hoje. A imprensa internacional tem destacado atos de chacinas, estupros coletivos e outras violências praticadas. A Revista Veja desta semana traz mais uma destas notícias.
Apesar de todas estas mazelas a Índia caminha firmemente na direção do desenvolvimento.
Participa com o Brasil, Rússia, China e África do Sul do grupo BRICS, organismo internacional de fomento para o desenvolvimento destes países. No próximo mês, em Fortaleza, os chefes de estado estarão reunidos para mais um encontro em busca de soluções para a redução da pobreza em seus países.
Situação Política Atual
Nas eleições gerais do mês passado sagrou-se vencedor nas urnas o Partido do Povo Indiano (Partido Nacionalista Hindu ou Bharatiya Janata Party) conquistando a maioria das cadeiras do Congresso.
Vejam a recente notícia veiculada pela imprensa:
“Eleições na Índia dão vitória avassaladora a nacionalistas”
“A coalizão oposicionista NDA conquistou maioria no Parlamento, abrindo o caminho para a indicação do hindu Narendra Modi como primeiro-ministro. Conhecido como religioso linha dura, ele promete sanar a economia do país.”
“Os resultados iniciais das apurações das eleições parlamentares na Índia indicam, nesta sexta-feira (16/05), a vitória histórica do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP). O líder da sigla oposicionista, Narendra Modi, deverá ser o novo primeiro-ministro do país, encerrando a longa dominância da dinastia Gandhi no poder.”
Nahendra Modi, já nomeado Primeiro Ministro, é aquele político que governou o Estado de Gujarat em 2002 quando aconteceu o massacre de muçulmanos. Governou por três mandatos esse próspero Estado.
“O BJP está à frente em 277 das 537 zonas eleitorais apuradas, de acordo com a comissão eleitoral. Assim, já ultrapassou sozinho a maioria necessária a um partido ou coalizão para constituir governo, que é de 272 dos 543 assentos do Parlamento. O partido do Congresso Nacional Indiano (INC, na sigla em inglês), que ainda governa o país, foi massacrado nas urnas, só obtendo 46 postos parlamentares.”
“Segundo a emissora indiana NDTV, a Aliança Democrática Nacional (NDA), formada pelo BJP e parceiros, teria conquistado um total de 340 assentos, contra apenas 58 para a Aliança Progressista Unida (UPA), a coalizão governista secular encabeçada pelo INC.”
O Governo anterior não tinha a maioria absoluta. Governou em coalizão com outros partidos menores.
“O líder e fundador do BJP, L.K. Advani, considerou o resultado das eleições um veredicto contra a dinastia Gandhi, que há anos lidera o INC. A campanha da aliança governista foi liderada pelo vice-presidente do partido, Rahul Gandhi, de 43 anos, e sua mãe, Sonia Gandhi.”
Durante toda a história da Índia independente, 67 anos, a dinastia Nerhu-Gandhi esteve fora do poder por tão somente 11 anos. Esse último governo foi iniciado em 2004.
 “O governo da UPA vinha enfrentando sérias críticas por não conseguir impulsionar a combalida economia nacional nem deter a inflação. Além disso, sua credibilidade estava abalada por escândalos de corrupção.
O resultado das eleições parlamentares é visto como um aval ao carismático, porém controverso, Narendra Modi. Ele promete reavivar a economia, criar novos empregos e trazer investimentos ao país, que apresenta o índice de crescimento mais baixo dos últimos dez anos. Devido a seu passado de linha dura religiosa ele é visto com desconfiança pelos 150 milhões de muçulmanos do país.”
Conclusões:
O Sistemas de Castas, teoricamente banido, foi perpetuado pela cultura indiana. A busca de uma melhor distribuição de rendas e menor desigualdade social é prejudicada pela dificuldade de haver a mobilidade social. É um óbice ao desenvolvimento que se potencializa quando adicionamos o fator religioso.
Devoção religiosa exacerbada, bolsões de pobreza e manipulação política quando juntas, podem tornar a situação explosiva. Este é um receio permanente em algumas áreas da Índia e seus vizinhos.
Não podemos esquecer que do outro lado do Paquistão se encontra o Afeganistão, país que abriga organizações extremistas conduzidas por fanáticos religiosos (santuário de terroristas?).
Mesmo com estes óbices a Índia é o segundo país do BRICS de maior crescimento do PIB e busca intensivamente a melhoria do seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
O recente resultado das eleições na Índia está sendo acompanhado com interesse pela comunidade internacional tendo em vista os desdobramentos possíveis.
O encontro do Primeiro-ministro Narendra Modi na sua posse com lideranças paquistanesas (nunca havida nos 67 anos da “partição”) e de Bangladesh trazem esperanças para o fim do legado de desconfiança mútua que reina na região.
As reformas estruturais tão almejadas, inclusive a política, ainda não foram realizadas. Isto poderia ajudar a mitigar os enormes desequilíbrios regionais existentes.
Sobre Javier Moro: autor da biografia não autorizada de Sônia Gandhi, enfrentou, ou ainda enfrenta, os processos contra a publicação do Sári Vermelho. O livro não teria até hoje a autorização para sua circulação na Índia.
Uma amenidade: noticia publicada na Internet divulgou que Sonia Gandhi, rica, bonita e poderosa estaria de caso novo. Não diz com quem...
Sobre vocês: “Livros e Raquetes”.
Tenho lido alguns dos livros recomendados por vocês entre outros “A Confissão da Leoa”, “Desonra”, “O Arroz de Palma” e “O Banqueiro dos Pobres”. É sempre marcante a presença da mulher, vítima ou estrela. Partilho a preocupação de vocês com o ocorre ainda hoje no mundo. Felizmente os acontecimentos estão sendo amplamente divulgados e têm tido a reprovação geral.
Minha admiração pelo “Livros e Raquetes”, pela feliz escolha dos livros e pelo papel que as mulheres desempenham em nossas vidas!
Mário




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