Debate
29-08-2013
Local : Casa da Rosete
Apresentadora : Tereza Lírio
Presenças: Adivany, Bia, Conceição, Lília, Luzimar, Luciana, Maria Célia, Marília, Marilena, Terezinha, Nena, Thereza, Sylvia, Vera e Zezé.
Apresentadora : Tereza Lírio
Presenças: Adivany, Bia, Conceição, Lília, Luzimar, Luciana, Maria Célia, Marília, Marilena, Terezinha, Nena, Thereza, Sylvia, Vera e Zezé.
O Banqueiro dos Pobres/1997 - Muhammad Yunus
Seguindo
a boa tradição do nosso grupo, apresento o autor e a história da implantação dos projetos do micro crédito e
do Banco Grameen em Bangladesh .
Difícil separar os dois. A vida e as características de personalidade do
autor estão presentes no projetos.
Trago
também a atualização de alguns dados pois como o livro foi escrito em 1997,
temos ainda 16 anos de novidades,
os dois continuam vivos e evoluindo .
Para
o Debate, proponho uma experiência
diferente da que temos tido, porque esse é um livro diferente. Um livro que conta a história de um
homem, de um pais e de um projeto de transformação social, e comporta análises
a partir de vários vértices: geográfico, filosófico, econômico, político,
psicológico e claro literário! Assim, proponho uma discussão por temas, e,
espero que possamos conversar bastante, pois certamente todas terão opiniões e
contribuições a dar.
Sobre
o autor , como ele mesmo conta, na primeira parte do livro:
Nasceu
em 28 de junho de 1940, a mãe teve 14 filhos, nove sobreviveram , ele era o
terceiro filho. Passou a infância em Chittagong, onde nasceu. Pai joalheiro.
Não era severo em questões de disciplina, mas era intransigente com tudo o que dizia
respeito ao estudo. Era um mulçumano piedoso.
Mae,
mulher forte ,decidida, queria que os filhos fossem metódicos iguais a
ela. Era cheia de compaixão e
bondade, e exerceu grande
influencia sobre Yunus. Ele era apaixonado pela mãe. Sobretudo pelas historias que ela contava e pelas canções que cantava, “era a fonte de todos
os nossos sonhos e de todos os nossos espantos”. Impregnava ideias com afetos o
que se constitui fonte de criatividade e vida. Também era muito amigo do irmão Salam. Gostava de ler, se
destacava na escola que tinha um ensino bem completo – artes, musica, poesia,
respeito pela autoridade e disciplina. Aos 12 anos escreveu uma serie policial .
Se a marca de sua personalidade era a
criatividade, a transgressão criativa também estava presente. Para ter fontes
de conhecimento, fazia o que
precisasse, até roubar”, como quando se fez passar por um colega que ganhou o
concurso, para receber as revistas
de premio, e quando pegava o dinheiro do cofre do pai para comprar livros e revistas.
Questão psicológica e ética:
é tênue o limite entre o
delito e a transgressão criativa, mas é
clara a oposição entre esta e traços de personalidade como submissão,
acomodação a uma realidade aparentemente sem saída, passividade e dependência.
Lutou
contra isso em tudo o que fez .
Aos
sete anos, em 1947 viveu a independência do Paquistão ao separar-se da índia
como colônia britânica, dando
origem ao Paquistão oriental e
ocidental separados por 1500 km. Relata as lembranças de criança, e o sentimento
de vigoroso orgulho nacional ao ver as bandeiras e a saudação: Longa vida ao
Paquistão.
Era
uma criança que registrava emocionalmente suas vivências e dava significado aos
acontecimentos.
Quando
tinha 9 anos, a mãe começou a ficar irritável. Gritava insultos, tornava-se
violenta. Atacava a todos e principalmente o pai. Depois da crise a mãe voltava
a ser doce, dava amor aos filhos e
ocupava-se dos pequenos. Em
desespero, recorreram a tudo. A
mãe ficou dependente do ópio. Morreu em 1982 com o amor e o cuidado do
marido.
Com
a doença da mãe, o pai assumiu
muito, e incentivava ao máximo os filhos a se desenvolverem
intelectualmente. Ressalto a capacidade do pequeno Yunus de
transformar a experiência com doença da mãe, que ficou imprevisível, (uma
mãe com a qual nem sempre podia contar),
em desejo de autonomia e enfrentamento da realidade. Não ficou melancólico . Por mérito ganhou bolsa
de estudos, tinha interesses variados – fotografia, pintura ,desenho e
cinema.
No escotismo, ligou-se a Quazi, que
tornou-se o amigo filósofo e guia.
Conta a experiência vivida aos 13
anos , na viagem ao Taj Mahal e de sua sensibilidade em apreender a emoção de seu amigo. Em 1973 , depois da guerra da libertação
Quazi foi assassinado.
Formou-se
aos 22 anos e ensinou em sua universidade de chittagong até 1965.
Começou
a fazer negócios de embalagem, e implantou
uma gráfica.
Estudou
nos Estados Unidos de 1965 a 1972;
sentiu o choque da diferença
cultural, era tímido nos relacionamentos afetivos e nas situações sociais, mas
se expressava politicamente contra a guerra do Vietnam, e se destacou
tornando-se assistente do
professor.
Casou-se em 1970.
Em
1971 participou a distância, mas com muito entusiasmo da guerra da
independência. Constituiu grupos,
arranjava fundos, participava de manifestações. Bangladesh se torna um pais independente.
Ao
voltar para dar aulas na Universidade de chittagong ( 1972 -1974), defrontou-se
com a maior fome de Bangladesh, e isso o fez questionar a atividade acadêmica e
voltar-se para a atuação na comunidade.
Em
sua sensibilidade e capacidade de sintonia com o outro, constata que a pobreza
era a negação efetiva de todos os direitos do homem. Diz que sua universidade
passa a ser a aldeia de Jobra, e seus habitantes os seus professores.
O
que viu? Pobreza, agiotagem, escravidão, situação abusiva em relação as
mulheres . Injustiça.
O
costume mulçumano do purdah, que leva as mulheres casadas a se isolar do mundo
externo era estritamente observado. Ele considerava que esse costume condenava
as mulheres a submeterem-se a violência dos maridos e a uma dependência
empobrecedora. Como sendo um mulçumano podia ter um olhar tão diferente? Talvez
pela presença amorosa da mãe, fonte de todos os sonhos e de todos os espantos”?
e/ ou devido ao exemplo de um pai
que respeitava e cuidava da mãe mesmo doente?
Em
seus estudos em Jobra, envolve-se com a situação de cada mulher
que está escravizada e condenada a miséria. Tenta resolver o problema emprestando de seu bolso 27 dólares a
42 pessoas. Diz ter vergonha de pertencer a uma sociedade incapaz de dar 27
dólares a 42 pessoas para ajuda-las a sobreviver por si mesmas.
Mas
o que fazer? Sabe que é uma solução insatisfatória. Procura os bancos, procura parceiros e por fim cria o Banco Grameen,
baseado na crença de que todo os homens são criativos e de que a pobreza não é
um problema de pessoas, mas da sociedade que não oferece oportunidades. O Seu
projeto de microcrédito , na verdade é um projeto de uma rede social, que
envolve e compromete os seus participantes , enfrentando preconceitos e
promovendo mudanças de valores. Os créditos eram dados à mulher, a casa ficava
no nome da mulher. Não havia a necessidade de garantias, o que significava
confiança e valorização dos participantes que correspondiam, pagando sem
inadimplência. Além disso as condições para participar envolviam mudança de
hábitos para melhoria da qualidade de vida.
O
Banco se expandiu em Bangladesh e em vários outros países.
Atualização
:
Escreveu
mais dois livros:
– Um
mundo sem pobreza: a Empresa Social e o Futuro do Capitalismo, 2008
e, - Criando um negócio Social .
Há 3
anos aposentou-se ,
mas
continua consultor da Fundação Grameen, com sede nos Estados Unidos. Existiram algumas acusações contra
Yunus, de não pagar imposto de
renda, e de usar o dinheiro do banco em seus projetos sociais.
O
Banco grameen cresceu e hoje está presente em vários continentes - Yunus esteve recentemente no Brasil e
deu os seguintes dados referentes ao Banco em Bangladesh: 8,5 tomadores de empréstimos. 97% de
mulheres. Inadimplência de 3%. Taxa de juros de 20% ao ano. Para educação 5% ao
ano. Os estudantes só começam a pagar depois que começam a trabalhar.
Foi ampliando suas atividades, (telefonia,
fabricas de iogurte, hospitais, e outros,
na passagem do microcrédito para o empreendedorismo, ou negócios
sociais. Hoje é um personagem global.
Questões
:
Sobre
o livro :
1)Gostaram
da leitura? Foi uma experiência tocante emocionalmente? E como literatura ? A argumentação foi consistente, convincente, clara,
interessante, maçante, repetitiva? Que outros aspectos gostariam de ressaltar?
2)
Sobre o alcance desse projeto. O que significa esse dado de tirar da pobreza
120 milhões( na época), considerando Bangladesh hoje.
Realidade
: Um pais com 160 milhões de habitantes
em uma área semelhante ao estado do amapá, assolado por mazelas naturais
e humanas, como a corrupção, a crise política, ainda os
pré-conceitos , a posição das mulheres, casamento arranjados de
adolescentes. O que acham?
4)
Outras questões.
Entrevista publicada na Revista Época, em 09/06/2013:
Entrevista publicada na Revista Época, em 09/06/2013:
Muhammad Yunus: "Dar dinheiro para os pobres mascara a miséria"
INOVADOR
O prêmio Nobel Muhammad Yunus, fotografado na
semana passada em São Paulo. Ele tentou, mas não conseguiu trazer seu banco ao
Brasil durante o governo Lula (Foto: Marcelo Min/Fotogarrafa/ÉPOCA)
O economista Muhammad Yunus, prêmio Nobel
da Paz em 2006, foi um visionário ao apostar na concessão de microcrédito e no
empreendedorismo para reduzir a miséria em Bangladesh,
onde ele nasceu e vive até hoje. Fundador do Grameen Bank, em 1976, e autor do
livro O banqueiro dos pobres (Ed. Ática), Yunus contribuiu de forma
decisiva para popularizar o microcrédito em todo o mundo. Segundo ele, o empreendedorismo
é uma solução mais eficaz do que programas assistencialistas, como o Bolsa Família,
para reduzir a pobreza. “Dar dinheiro para os pobres não é uma solução para a
miséria”, diz. “É uma forma de mascarar o problema.”
Afastado do Grameen
há dois anos, Yunus agora se dedica a outros negócios sociais, como uma
companhia que vende painéis de energia solar de baixo custo, uma escola de
enfermagem e um hospital oftalmológico. Na semana passada, ele esteve no Brasil
para anunciar o lançamento de um fundo local de investimento em negócios
sociais e participar da abertura do ciclo de eventos do Movimento
Empreenda, promovido pela Editora Globo, que edita ÉPOCA. Nesta
entrevista, ele fala sobre sua tentativa frustrada de abrir uma base do Grameen
no Brasil durante o governo Lula, sobre a tentativa do governo de Bangladesh de
desacreditá-lo e de estatizar o banco e sobre os empreendimentos em que está envolvido.
ÉPOCA – O senhor foi o
criador da ideia de que é possível resolver o problema da miséria por meio do
microcrédito e do estímulo ao empreendedorismo. Em sua opinião, essa é uma
solução mais eficaz do que o governo dar dinheiro às pessoas, como acontece no
Brasil, com o Bolsa Família?
Muhammad Yunus – Dar dinheiro não é uma solução. É uma forma de
mascarar o problema. Você deixa de ver o problema, porque as pessoas conseguem
sobreviver, comer, se divertir. Parece que está tudo bem, mas não está, porque
o dinheiro não é delas. Então, a doação de dinheiro é uma solução temporária e
não permanente. Para termos uma solução permanente, as pessoas têm de cuidar de
si mesmas. Só assim elas podem se tornar agentes ativas de mudança. As crianças
de uma família que depende de subsídios crescem acreditando que não precisam
trabalhar, que podem sobreviver sem ter de se esforçar para melhorar de vida.
Essa não é uma solução permanente para o problema da miséria.
ÉPOCA – Alguns anos
atrás, o senhor esteve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil,
quando ele estava no governo, e falou sobre seus planos de trazer o Grameen ao
país. Por que a ideia não avançou?
Yunus – Na época, ele demonstrou um grande entusiasmo pela
ideia, mas não deu sequência. Seu pessoal, que deveria nos contatar depois, não
deu continuidade ao projeto.
ÉPOCA – Talvez ele tenha
imaginado que o Grameen pudesse fazer sombra ao Bolsa Família...
Yunus – Não sei a razão. Chegamos a ter um encontro
com o Banco do Brasil, que também demonstrou interesse na ideia. Eles têm um
programa de microcrédito, querem fazer algo, mas nada de concreto aconteceu até
agora. Eles não fecharam questão em relação a isso. A gente continua a
conversar, mas talvez eles estejam ocupados com outras coisas.
"Não somos máquinas
de fazer dinheiro.
Temos
outras dimensões, voltadas
para o coletivo"
ÉPOCA – Hoje, o senhor
não está mais à frente do Grameen. O que aconteceu?
Yunus – Aposentei-me e saí do banco há dois anos.
Continuo envolvido em outros negócios sociais que criei, em paralelo ao Grameen
Bank. O Grameen e o microcrédito se tornaram muito populares. Todo mundo queria
conhecer o assunto, fazer críticas, procurar respostas. Então, não tinha
oportunidade de falar sobre os demais negócios sociais. Agora, posso me dedicar
mais a eles.
ÉPOCA – Como o senhor vê
a tentativa do governo de Bangladesh de estatizar o Grameen Bank?
Yunus – Eles estão tentando assumir o controle, mas
os tomadores de empréstimos, que são os controladores do banco, com 95% do
capital, resistem. Até o momento, o governo não teve sucesso em sua iniciativa,
mas há muito apoio internacional para mantê-lo sob o controle dos tomadores de
empréstimos.
ÉPOCA – Como o senhor
recebe as acusações de que cometeu irregularidades na gestão do banco?
Yunus – É muito triste. O governo queria me tirar de
lá e buscava pretextos para isso. Essas acusações não foram provadas por
ninguém. Eles fizeram uma auditoria no meu Imposto de Renda, para buscar
irregularidades. Não acharam nada. Paguei cada centavo que tinha de pagar.
Depois, disseram que tirei dinheiro do Grameen para financiar outros negócios
sociais. Em toda a minha vida, e ainda hoje, nunca tive uma única ação de uma
companhia criada por mim, em Bangladesh ou em outro lugar. Criei muitas
empresas, mas todas foram criadas para resolver problemas sociais.
ÉPOCA – Qual sua
avaliação dos resultados obtidos pelo Grameen Bank em Bangladesh?
Yunus – O Grameen foi muito bem. Hoje, 37 anos
depois de sua criação, ele se espalhou por todo o país. Temos 8,5 milhões de
tomadores de empréstimos, 97% dos quais são mulheres. O banco empresta cerca de
US$ 1,5 bilhão, e a inadimplência é de apenas 3%. Tentamos garantir também que
as crianças das famílias dos tomadores de crédito frequentem a escola e não
sejam analfabetas como seus pais – e fomos bem-sucedidos nisso. Elas concluíram
o ensino básico, seguiram no ensino médio e algumas foram para a faculdade.
Além do microcrédito, o Grameen oferece também empréstimos para a educação,
para cobrir os custos do ensino superior e evitar o abandono de cursos por
falta de recursos para pagar as mensalidades. A taxa de juro do microcrédito é
de 20% ao ano; e a de empréstimos para educação, de 5%. O estudante só começa a
pagar depois de se formar e conseguir um emprego. Hoje, há centenas de milhares
de crianças que estão na escola e na faculdade com o apoio do Grameen. Elas se
tornam médicos, engenheiros e seguem outras carreiras.
ÉPOCA – O senhor
disse que hoje está envolvido com outros negócios sociais. Que negócios são
esses?
Yunus – Em 1997, criamos uma companhia de telefone que levou o
celular a 260 mil pessoas de baixa renda, em mais de 50 mil comunidades da zona
rural. Temos também uma empresa de eletricidade, que já levou a energia solar a
mais de 1 milhão de casas. Esses são negócios sociais autossustentáveis. O
governo tentou criar obstáculos para o desenvolvimento dessas empresas, mas
elas se desenvolveram bem e começaram a investir em novos negócios sociais.
Temos ainda uma escola para formar enfermeiras e um hospital de olhos, além de
uma empresa criada em parceria com a Danone, em 2006. Essa empresa, a Grameen
Danone, produz iogurtes com muitos nutrientes que faltavam à dieta das crianças
da zona rural de Bangladesh. Eles são vendidos no varejo por um preço acessível
de US$ 0,14 o copo de 60 gramas. Segundo o presidente executivo da Danone,
Emmanuel Faber, o desenvolvimento desse iogurte vendido a preços populares foi
o maior desafio de inovação que a companhia já teve.
ÉPOCA – O que distingue
esses negócios de um negócio tradicional ou de uma ONG?
Yunus – A principal diferença é que, num
empreendimento social, os donos criam o negócio para resolver um problema. O
lucro é um meio, não o fim. Os donos decidem, desde o princípio, que nunca
receberão dividendos. Ele recebe um pró-labore, como em qualquer empresa. Mas é
um negócio sem fins lucrativos, criado para resolver problemas sociais, como se
fosse uma organização não governamental (ONG). A diferença é que os
negócios sociais são autossustentáveis e têm o dinamismo e a eficiência dos
negócios tradicionais. Os negócios convencionais são feitos para gerar lucro
aos acionistas, não para resolver o problema de alguém.
ÉPOCA – Mas eles não
resolvem problemas com seus produtos e serviços?
Yunus – Talvez sim, talvez não. Há certos produtos,
como o tabaco, que não resolvem problema algum. Eles criam um problema.
ÉPOCA – Uma rede de fast-food não resolve um
problema ao vender um sanduíche por um preço acessível?
Yunus – Se o produto causa males à saúde, ela cria e
não resolve um problema. Um negócio social não quer prejudicar ninguém. Os
negócios tradicionais têm o objetivo de maximizar o lucro. São voltados para o
ganho individual, para o acúmulo individual de riqueza. Não somos máquinas de
fazer dinheiro. Somos mais que isso. Temos outras dimensões. Há uma dimensão
que não é voltada para nós mesmos, mas para os outros, para o coletivo – e os
negócios tradicionais não atendem essa outra dimensão. O modelo atual do
capitalismo não é suficiente para nos satisfazer como seres humanos, porque não
contempla todas as nossas dimensões.
Texto distribuído por Rosete como uma contribuição ao debate.
A
história do dr. Yunus e do Grameen Bank
por Badruddin Umar [*]
O Premio Nobel da Paz com que as potências
imperialistas obsequiaram o dr. Muhammad Yunnis não lhe foi arrebatado pelo
governo, nem este teria poder para fazê-lo. O governo do Bangladesh
simplesmente removeu-o do cargo de director administrativo do Grameen Bank com base em
razões estritamente legais. Isto foi feito de acordo com as regras do Banco de
Bangladesh e as leis do país. O mérito desta acção foi apreciado pelo Tribunal
Superior, ao qual Yunus recorreu contra a decisão do governo. O Tribunal
Superior rejeitou a sua queixa, depois de ouvir ambas as partes. A decisão foi
também foi confirmada pelo Supremo Tribunal.
Esta actuação do governo contra Yunus foi
tomada com base nas irregularidades confirmadas por ele cometidas e é um
assunto interno do Bangladesh. Sabemos que as potências imperialistas,
particularmente o governo dos EUA e a facção Clinton, que manipularam a
atribuição do Prêmio da Paz para Yunus, reagiram forte e amargamente a esta
decisão do governo.
Desde há muito analisamos criticamente as
atividades de Yunus e do Banco Grameen, pela simples razão de que ele tem
apregoado feitos muito exagerados quanto ao banco e quanto a si próprio. Afirma
ele ter inventado uma teoria segundo a qual a garantia de empréstimo seria um
"direito natural" do ser humano. Afirma que ao conceder empréstimos
aos pobres foi bem sucedido na mitigação da pobreza no Bangladesh e que em 2030
remeteria a pobreza para um museu como relíquia do passado. Ao fazer tal
afirmação, obviamente ridícula, revelou-se como alguém que falhou
miseravelmente em entender que a pobreza não é uma coisa, não é um artefato
arqueológico, mas sim o resultado das relações existentes entre pessoas no
decorrer da atividade produtiva e em outras actividades na sociedade.
Sem dúvida o Banco Grameen é um operador bem
sucedido na concessão de pequenos empréstimos a agricultores pobres, tal como
muitas ONGs, e estabeleceu-se com mais destaque nessa área do que os bancos
comerciais tradicionais. Por este feito o Banco Grameen pode receber um prêmio
internacional pelo seu êxito na gestão de pequenos empréstimos. Mas deve-se
salientar que isso nada tem a ver com a paz. Além disso, não se tem conhecimento
de que o próprio Yunus tenha protestado alguma vez contra qualquer tipo de
repressão perpetrada contra o povo por agências governamentais e outras forças
sociais predatórias. Não se tem conhecimento de que tenha alguma vez
pronunciado uma palavra sequer contra intervenções militares, agressões e
guerras predatórias imperialistas em países da Ásia, África e América Latina.
Ele nunca desempenhou qualquer papel no alívio de tensões ou no estabelecimento
da paz entre interesses e grupos em conflito no Bangladesh ou qualquer outro
lugar. Nunca realmente fez nada pela paz. Ao contrário, sempre confraternizou
com aqueles que fazem a guerra e perturbam a paz tanto no seu país quanto no
estrangeiro. Apesar disso, ganhou o Prêmio Nobel da Paz concedido pelas cliques
imperialistas a fim de promover a sua políticas e outros interesses no
Bangladesh. Não é de surpreender portanto que subitamente, em 2006, lhe tenha
sido atribuído o Prêmio Nobel — às vésperas do golpe militar de Janeiro de
2007.
Yunus administrou os assuntos do Banco
Grameen como um autocrata e, como qualquer outro autocrata, não teve escrúpulos
em cometer irregularidades. Não tinha de prestar contas a ninguém e fazia tudo
de modo arrogante. Exercia a autoridade de nomear todos os funcionários do
banco e até os diretores. A sua nomeação como director executivo do banco foi
sempre basicamente um acto da sua própria iniciativa, e nesses assuntos o papel
da Comissão de Directores era apenas nominal. Tomava todas as decisões
principais passando por cima daquela comissão, da qual nem era membro. Se o
relacionamento entre o Diretor Executivo e a Comissão de Diretores fosse
examinado, descobrir-se-ia ser um acordo muito estranho. A Comissão sempre
actuou como um corpo absolutamente servil ao director executivo.
Em todos os aspetos as regras do Banco
Grameen eram extraordinárias e as concessões a ele garantidas pelo governo na
condução de seus assuntos contradiziam todas as práticas bancárias do país.
Contudo, estas questões administrativas, incluindo as regras de conduta dos
negócios do Banco Grameen, não são o foco da nossa preocupação real e deixamos
para a Comissão de Inquérito, que foi instituída pelo governo, investigar os
assuntos do Banco. A nossa preocupação principal é a situação no terreno.
Não é possível detalhar aqui as consequências
do negócio de pequenos empréstimos praticado pelo Banco Grameen. Mas uma coisa
deve ficar clara. Não nos opomos a pequenos empréstimos ou micro-crédito,
porque tais empréstimos respondem a uma necessidade desesperada da população
pobre das zonas rurais, particularmente dos camponeses e artesãos que trabalham
na produção. Prestamistas rurais existem desde há séculos, ao longo do período
feudal e até aos dias de hoje. De forma fraudulenta e prejudicial, Yunus é glorificado
como o 'banqueiro dos pobres' que os resgatou nas áreas rurais, em particular
as mulheres, enquanto o fato é que os prestamistas rurais tradicionais foram os
que historicamente efectuavam esta operação. Até as ONGs lançadas pelo então
presidente do Banco Mundial Robert McNamara nos anos 70 concederam empréstimos
aos pobres antes do estabelecimento do Banco Grameen.
As ONGs e o Banco Grameen foram iniciativas
imperialistas criadas com a ajuda ativa e colaboração do governo, mas não para
aliviar ou erradicar a pobreza. O seu principal objetivo era perpetuar a
pobreza e desviar a atenção dos pobres das lutas políticas que visam mudanças
nas relações de produção básicas, assim como nas relações sociais que criam e
preservam as condições de pobreza. Não cabe aqui desenvolver este ponto, mas
torna-se necessário mencionar que o maior alarde quanto ao Banco Grameen e a
sua declarada missão de erradicar a pobreza é feito por reconhecidos inimigos
dos trabalhadores pobres do mundo, inclusive o povo do Bangladesh. Estes
publicitários ruidosos representam as forças que exploram os pobres por todo o
mundo, atam os países pobres deles dependentes e não têm o menor escrúpulo em
atacar maliciosamente os países que se atrevem a resistir a seu assédio. São
estes os países que não hesitam em bombardear os pobres de outros países e
cometem genocídios como fizeram recentemente no Iraque e fazem atualmente no
Afeganistão, Paquistão e Líbia.
A reação destas forças, que incluem países
imperialistas como os Estados Unidos, França, Inglaterra, Alemanha, outros
países da Europa e alhures e seus serviçais em países como o Bangladesh, é uma
indicação clara dos interesses aos quais serve o Dr. Yunus. É insano pensar que
as potências imperialistas estejam a fazer um alarido com a remoção do director
executivo do Banco Grameen por serem amigas dos pobres em qualquer país e que
possam liderar um programa para erradicar ou mesmo aliviar a pobreza daqueles
que estão sujeitos à pior espécie de exploração por parte das classes dominantes
locais, governos e potências imperialistas.
Neste contexto, é interessante notar que os
devedores ou tomadores de empréstimos do Banco Grameen, em nenhuma área do
Bangladeh, tenham até agora efectuado qualquer manifestação em favor de Yuns e
contra a decisão do governo de removê-lo do cargo de director executivo.
Recentemente, num folheto do Banco Grameen
lia-se que cerca de três milhões de devedores haviam assinado uma declaração de
protesto contra a remoção de Yunus. Mas manifestações e declarações de protesto
são actos muito diferentes. É fácil conseguir uma assinatura de um devedor
quando a mesma é solicitada por responsáveis locais do próprio Banco Grameen.
E mesmo assim, não há provas de que tal
declaração tenha realmente sido assinada por 3 milhões de devedores. A questão
pode ser uma mentira e uma propaganda fraudulenta de funcionários de uma parte
do Banco Grameen leais a Yunus.
Apesar da falta de apoio a Yunus pelos
devedores do Banco Grameen, de quem se diz serem os "verdadeiros
donos" daquela instituição, é extraordinário ver o tipo de apoio
internacional organizado em favor de Yunus. Louvam os feitos do Dr. Yunus de
forma a proteger a sua posição no Banco Grameen. Sob a presidência de um antigo
presidente da Irlanda, formou-se uma 'comissão de amigos do Grameen' na sua
sede em Paris. A 30 de Março numa sessão de perguntas e respostas na Assembléia
Nacional Francesa, o ministro de Negócios Estrangeiros francês Alain Juppe
disse: "o modelo de micro-crédito do Banco Grameen foi unanimemente
reconhecido como uma ferramenta de alívio da pobreza, 'magnificamente bem
sucedida' e replicada por todo o mundo, ajudando especialmente ao
fortalecimento da posição das mulheres nos países em desenvolvimento'' (Daily
Star, 1/4/2011). Esta declaração do ministro francês não é exceção.
Afirmações deste teor são regularmente publicadas por representantes
imperialistas e seus serviçais no Bangladesh. Mas o fato é que, além das
pessoas que emitem tais declarações, ninguém reconhece o modelo de
micro-crédito do Grameen como 'magnificamente bem sucedido' na mitigação da
pobreza do Bangladesh. E ninguém reconhece o papel do Banco Grameen como
contribuindo para o fortalecimento da posição das mulheres no Bangladesh.
As mulheres do Bangladesh estão sujeitas aos
mais variados tipos de exploração e repressão por todo o país, em particular
nas áreas rurais. As mulheres pobres dessas áreas são as mais oprimidas da
sociedade e são vitimas de exploradores rurais e opressores, incluindo os
mullahs que frequentemente emitem fatwas contra elas. Não consta que o Dr.
Yunus do Banco Grameen se tenha oposto de alguma forma a tais atrocidades.
Não é preciso grande conhecimento ou
sabedoria para entender em teoria que a mitigação da pobreza e o fortalecimento
da posição das mulheres nada têm a ver com empréstimos bancários,
independentemente dos termos dos acordos de empréstimo. Mesmo uma pesquisa
modesta da situação nas áreas rurais revela que não houve nenhum alivio
perceptível da pobreza através do desembolso de créditos rurais do Banco
Grameen ou de qualquer outra ONG, apesar de ser possível que existam casos
excepcionais em que os devedores possam ter melhorado a sua situação financeira
usando fazendo uma utilização sagaz de tais empréstimos.
Não é necessária qualquer discussão elaborada
sobre o 'feito' de Yunus para evidenciar que a sua principal realização foi a
gestão das operações de empréstimos do Banco Grameen.
O seu negócio expandiu-se a vastas áreas do
Bangladesh, o número de tomadores de empréstimo do Banco atingiu, de acordo com
o seu próprio relatório, mais de oito milhões, e, através de um mecanismo de
controle especial, a sua taxa de cumprimento é de 98%! Este êxito não teria
sido possível sem uma contribuição financeira massiva do estrangeiro e sem as concessões
e privilégios especiais garantidos pelo governo a este Banco, que não são
igualmente disponibilizados aos outros bancos comerciais.
A função do negócio bancário do Grameen não é
diferente dos pequenos serviços de crédito tradicionais que operam há séculos e
são praticados por prestamistas rurais conhecidos como mohajons. Em
linhas gerais, estes serviços ajudam a pequena produção de agricultores e
artesãos e de todo o tipo de atividades econômicas em pequena escala. Assim, a
implacável propaganda praticada pelos círculos imperialistas e seus serviçais
no Bangladesh nada tem a ver com o trabalho real e os 'feitos' do Banco
Grameen, nem com as afirmações de seu famoso diretor-executivo dr. Yunus
relativamente aos oito milhões de devedores serem proprietários do banco e
receberem dividendos com regularidade. Essa afirmação é completamente falsa e é
fraudulenta. Qualquer investigação no terreno revela que nenhum devedor do
Banco possui documento de controle acionário, nem tem qualquer prova ou relata ter
recebido qualquer dividendo. Mas a incansável e estereotipada propaganda
imperialista continua, e os meios de comunicação internacionais, seja em
formato eletrônico ou impresso, transmitem uma vasta propaganda na qual muitas
pessoas bem intencionadas acreditam.
O Banco do Bangladesh e o governo do
Bangladesh removeram Yunus do posto de diretor-executivo. Dizem os
imperialistas que sem ele o Banco Grameen parará de funcionar como um
'mitigador de pobreza' e perderá o seu caráter. Isso é uma falsidade e uma
propaganda motivada, porque, como se disse amtes, tal caráter não existe. O que
realmente poderá acontecer após o seu afastamento é uma série de reformas nas
práticas operacionais do Banco Grameen que trarão algum alívio aos tomadores
dos empréstimos e reduzirão o lucro do banco. Poderá também reduzir a entrada
de capital estrangeiro no banco e enfrquecer a posição do dr. Yunus como um
agente das corporações multinacinais que promovem o seu 'negócio social'.
Através da propaganda massiva que construiu a
imagem de Dr. Yunus, os imperialistas tentaram elevá-lo à posição de um
semideus, um redentor dos pobres e dos oprimidos. Tentaram retratar as suas
atividades como uma panacéia para a pobreza e um meio de fortalecer as
mulheres. Há um objetivo duplo nesta construção da imagem de Yunus. O primeiro
é usá-lo para criar oportunidades de investimento na exploração de excedentes
produzidos pela população rural pobre, e o segundo, mais importante, é usá-lo
para fins políticos. Isso se tornou óbvio quando ele recebeu o Prêmio Nobel da
Paz em 2006, nas vésperas de um golpe militar no Bangladesh que teve a mão dos
Estados Unidos e de europeus. Subsequentemente, Yunus tentou usurpar o poder
político, aproveitando-se da situação então existente ao tentar organizar o seu
próprio partido político. A sua tentativa falhou completamente, devido à sua
total incapacidade pessoal de compreender o processo político e ponderar cada
passo no processo de construção de um partido político. Consequentemente,
demonstrou-se um fracasso político. Mas os imperialistas não perderam a
esperança de poder usá-lo no jogo político que talvez tenham de jogar em tempos
de crise. Foi por essa razão que o governo norueguês, depois acusá-lo de
desonestidade financeira recuou nessa posição a fim de salvaguardar a sua
imagem e isentá-lo das acusações que eles próprios haviam feito.
A consternação nos círculos capitalistas após
a remoção de Yunus da posição de diretor-executivo do banco, e o alinhamento
das ONGs e dos cavalheiros da sociedade civil do Bangladesh por trás dele,
revela completamente o verdadeiro caráter de Yunus. Expõe também as caras de
pessoas e instituições neste país que actuam nos interesses do imperialismo
como seus serviçais. E demonstra claramente que Yunus, o tão publicitado "banqueiro
dos pobres", não representa realmente os interesses dos mais pobres e
oprimidos neste país, mas sim os interesses dos exploradores e opressores
nacionais e estrangeiros. Na conspiração dos imperialistas, será difícil para
eles utilizarem o dr. Yunus, com a sua "brilhante" imagem anti-povo e
anti-pobre, como seu instrumento político em qualquer futura crise política.
Esclarecimentos - A existência de três
canais de comunicação (chat whatsapp, googlegroup e blog) se justifica
pelo caráter de cada um desses canais, um de comunicação rápida, outro por
permitir armazenamento de arquivos, outro por comportar fotos. Quem quiser
aderir ao googlegroup (mensagens por email), favor entrar em contato com
Luciana. Quem quiser entrar no grupo Livros e Raquetes, entre em contato com
Marilena. E o acesso ao blog Sociedade Literária Livros e Raquetes www.livroseraquetes.blogspot.com
é livre, estando todas convidadas a visitá-lo, deixar postagens e tecer
comentários.
Apresentação do livro - Teresa Lírio fez
excelente trabalho motivacional e de preparação ao debate, fornecendo, através
dos canais citados acima, farto material jornalístico e iconográfico sobre
Bangladesh, o autor, contexto atual e dados estatísticos.
Debate - Houve consenso entre o grupo de
que a indicação desse título, feita por Thereza Matos, foi das mais
felizes, e derrubou ceticismo de muitas de nós quanto à validade de discutirmos
um livro de caráter técnico. Ao final, constatou-se que o relato não se
restringe a um caso de economia, mas envolve relatos de profundo humanismo,
solidariedade e compaixão que comoveram a todas. A maioria se surpreendeu com a
realidade apresentada e se envolveu no debate, trazendo contribuições pessoais
e pesquisas paralelas, às vezes um necessário contraditório. Lília relatou a
existência de programa social similar aqui no DF e forneceu o endereço
eletrônico da organização para quem queira conhecê-lo: www.programaprovidencia.org.br
O que é literatura - Ainda durante o
período de leitura, houve questionamentos se o livro indicado se classificaria
como literatura. Como subsidio, e sem pretensão de esgotar o assunto, Vera
trouxe o seguinte: Literatura é o conjunto da produção intelectual da
humanidade EM FORMA DE ESCRITA. Nossos ancestrais das cavernas produziram conhecimento
e o transmitiram às gerações seguintes, utilizando-se de sinais diversos,
fumaça, pinturas rupestres, gestos, sons extraídos de instrumentos rudimentares
e da voz. Mais tarde, desenvolveu-se a linguagem e a comunicação se fez também
através de narrativas orais. Só foi, porém, com o advento da escrita (registros
pictográficos como os hieróglifos, ideogramas orientais, alfabetos), que se
pode falar em literatura. E veio, posteriormente, a classificação dos escritos
em gêneros literários, primeiro conforme definidos na Antiguidade Clássica, de
que falamos na primeira reunião deste grupo, e hoje expandidos ad infinitum
pelo advento de novas tecnologias e novos conteúdos. O nosso livro em debate, O
BANQUEIRO DOS POBRES, se classificaria como uma narrativa não ficcional de
caráter híbrido, às vezes ensaio, às vezes memória.
Segue uma entrevista com Francisco Azevedo, para começarmos a entrar no clima de Arroz de Palma. Boa Leitura a todas. Lilia http://globotv.globo.com/globo-news/globonews-literatura/v/escritor-francisco-azevedo-virou-sucesso-de-vendas-sem-nenhum-marketing/1954555/
ResponderExcluirMuito bom conhecer o moço, Lilia! Thks!
ResponderExcluirLilia,
ResponderExcluirAdorei a entrevista. Tenho certeza q vou gostar do livro. Encomendei na Cultura e estou aguardando chegar. Obrigado pela dica.
Thereza Christina
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO blog está muito bonito, bem feito e bem estruturado. Parabéns para a criadora do Blog, excelente mesmo!!!! Pena que as pessoas, assim como eu, estão participando pouco. Vamos lá, meninas, vamos participar mais. O Blog merece!!!!!
ResponderExcluirOlás, tudo bem? Vocês estão em São Paulo ou próximo? Francisco Azevedo vai falar sobre O Arroz de Palma e Doce Gabito no próximo Sempre Um Papo, dia 15 agosto 2013, nesta quinta-feira. Venham e convidem os amigos de SP. Vejam no site: http://www.sempreumpapo.com.br
ResponderExcluirAbraços, Paula Rangel, jornalista do Sempre Um Papo em São Paulo
paula@sempreumpapo.com.br
Ola, Paula Rangel! Gratas pelo convite. Estamos em Brasilia. Esperamos que tenha sido um sucesso o Sempre um Papo.
ExcluirOla, Paula Rangel! Gratas pelo convite. Estamos em Brasilia. Esperamos que tenha sido um sucesso o Sempre um Papo.
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